junho 10, 2013
isto
isto que paira
entre o nosso olhar,
isto que morde
os lábios da nossa boca,
isto que arrepia
nossos pêlos e peles
isto que disfarçamos,
que negamos com um sorriso,
que escapamos com o alívio
de não nos entregar
Cáh Morandi
junho 07, 2013
ainda tua
não vou me culpar
porque nosso tempo acabou
e o meu amor se perdeu
na distancia do caminho
antes, vou ser grata
pelos nossos dias e
o quanto fomos bons
um para o outro
não me odeie
ou me esqueça
se você lembrar
dos nossos beijos
ali, ainda, levemente,
serei tua
Cáh Morandi
junho 06, 2013
venha ficar
vi você nascer da minha
tristeza e virar beleza
enfeitando meus dias
que eram tão cinzas
vi sua delicadeza
espantando meus medos
me perdi nos seus dedos
tomando conta de mim
vi a felicidade se abrindo
como um dia de domingo
preguiçoso e bem-vindo
demorado em ficar
Cáh Morandi
junho 05, 2013
sobre palavras
Tenho medo de escrever certas palavras. Posso me confessar sem perceber, posso ferir alguém sem a intenção de fazê-lo. Desmorono algumas frases, maquio as expressões. Alongo um pouco mais a vírgula. Quebro linhas, reinicio um parágrafo. Minha graça é a existência da poesia. Minha agonia é o que a precede. Meu desespero é quando ela sobra, dentro de mim.
Cáh Morandi
junho 04, 2013
comigo
bonito é teu gesto
de me oferecer abraço
na minha desistência -
quando desacredito
da gentileza do amor
tu me fazes esta surpresa
quero retomar o ar,
respira este novo tempo, comigo -
nunca mais te perderei
de mim
Cáh Morandi
junho 03, 2013
esqueço-me
amar na mesma medida
em que me esqueço
não sobra tempo para a dor
não crio memórias para tortura
nem me anseio para amanhã,
desacredito para não me iludir
estou profunda em mim,
não toque na minha esperança
Cáh Morandi
junho 02, 2013
Nosso (improvável) amor
Nosso amor é uma expectativa constante, sobrevivemos do que pode ser.
Pode ser que amanhã você me ame. Pode ser que não.
O improvável alimenta nossos afetos. As possibilidades nos unificam.
Precisei fechar os olhos para enxergar o tamanho da sua importância na minha vida e quando despertei, amanheci em você, já não soube provar os dias de solidão. Estou para ti, porque só assim sei estar.
Não conheço mais caminhos, não procuro novos mapas, faço minha história no permanecimento. Você é minha casa, meu terreno, minha pátria, meu lugar tranquilo, meu descanso, você é a bandeira sobre qual me estendo. Nos confundimos nos nomes e sobrenomes, nas datas e nascimentos. Não sei se eu termino, ou se você começa, ou então se é o avesso. Somos laço. Nos perdemos em um abraço, já não sobra dúvidas sobre ocuparmos o mesmo lugar no espaço.
Hoje vamos inaugurar nosso amanhã.
junho 01, 2013
somos
como eu poderia ainda pedir?
já me entreguei, já me rendi
de dentro de você respondo com tua voz
que já sou parte de ti
não vou porque já estou
não sou porque já és
Cáh Morandi
maio 30, 2013
É você
E quem diria, você! Você que andava escondido em meus limpos lençóis antigos, que conhece as pintinhas que se espalham em meu corpo, você que me reconhece de rosto amanhecido, de humor atravessado, que lê meus poemas, mas me decifra quando calo, você que descobriu minha alergia, você que sabe quem eu sou na mais funda madrugada, você que ouviu o agudo da minha gargalhada incontida, você que não se surpreende as minhas reações espontâneas, você que me dá o braço quando o salto desvia o buraco do caminho, você que escolhe sempre o livro que eu iria escolher, você que conhece as mesmas canções desconhecidas que eu, você que espera meu banho demorado, você que me desvendou bem antes da intimidade, você que sabe que eu prefiro beijo roubado do que beijo pedido, você que me dá liberdade de ser uma mulher desejada, porque assim é pra você que quero voltar. É você, agora sei que é você. Me olhou, me aceitou no que tenho de imperfeito. Aceita os escândalos, vem comigo na timidez. Deixa que eu vá por onde quiser, mas se guarda porque sabe que é minha casa. Não muda, não treme nas bases, não deixa desconfiança. É e me vê com o melhor que somos agora. E eu que esperava um amor, nem desconfiava ser amada.
Cáh Morandi
maio 29, 2013
maio 28, 2013
antes
Amo mesmo antes
de ser amada,
não guardo a
esperança para depois
me dei antes
de ser roubada,
melhor é precaver
do que forçar a entrega
já não espero pelos sinais
não me prendo aos avisos:
não confio no futuro,
faço logo passado
Cáh Morandi
maio 26, 2013
maio 25, 2013
que seja
ando sobre
tua solidão
e a devolvo
para quem
te deu
iremos recompor
o riso que nos
devolve a
felicidade
dirão: impossível.
seremos impossibilidades.
Cáh Morandi
maio 24, 2013
insuspeitável
Não, eu não sou uma mulher bonita, não sou a mais simpática e bem humorada. Jurava que não prenderia teu olhar, mas ao contrário: fui presa. Surpreendeu-me na insignificância do momento, coloriu-me numa moldura de delicadezas, deu-me as mãos dentro da minha escuridão. Convidou-me para fora, beijou-me delicadamente cada cicatriz. Não me perguntou sobre as feridas: trouxe-me a cura.
Cáh Morandi
maio 23, 2013
lacuna
você vai chegar, novamente
vou me reconhecer no agora
não sei qual minha resposta
culpa do tempo que aconteceu
rápido demais e nós lentamente
então não sei, se ainda, de repente
encaixo ou folgo dentro do teu abraço
ou se o teu cansaço é também um fim
que dentro de mim soa para um recomeço
guardo uma esperança nos lábios
escondo no bolso uma despedida -
estou perdida para nosso encontro
Cáh Morandi
maio 21, 2013
amor de sempre
digo não por agora -
quero ficar presa
a esta esperança
falida e anulada
fecho-me para não ir
com as mãos estendidas,
escondo o sorriso que concede,
escorrego nos convites
não quero um novo amor,
quero amar novamente
Cáh Morandi
maio 20, 2013
até amanhã
Para nós é isto: esquecer. Encontrar um caminho para que possamos despedir a memória. O que colocaremos em nosso vazio? Substituiremos a ausência pelo que viveremos no futuro. Iremos recompor o passado com o que ainda não vivemos – amaremos ainda. Nos despedimos eternamente todos os dias. Retomamos o cumprimento com a euforia infantil. Nos trapaceamos para não nos acenar. Nós iremos partir, pelo meu, pelo teu, pelo nosso caminho? Me esqueça. Te esqueço. Inutilmente tentamos. Nos guardaremos para amanhã. Vivemos uma infância dentro do amor: fingiremos inocência.
Cáh Morandi
Boa noite
O amor se embala para dentro da noite. Quase o perdemos de vista. Nosso brilho, nossa escuridão, enquanto acontecemos à meia luz. Anoitecemos para encontrá-lo. Madrugamos para devolvê-lo. Boa noite para nós. Estamos à beira do sonho.
Cáh Morandi
maio 17, 2013
meus olhos para você
Já perdi tantas vezes meus olhos para você e sou capaz de dizer que te amo sempre na intensidade de um amor à primeira vista.
Cáh Morandi
maio 16, 2013
por agora
Neste exato segundo eu te amo. Assim como você é, assim como eu também sou. O que vejo em você é também o que alcança meus olhos limitados. Não desejo o que sei você pode ser, mas te abraço com tuas histórias repletas de desistências. Só não desista de mim. Só não me fira. Só não me abandone por medo - porque é disso que também tenho morrido. Mas sei, amar é também encontrar alegria do que ainda não somos.
maio 13, 2013
só hoje
Anularia todos
os teus amores. Tuas mãos nascem dentro de mim, teus pés conhecem apenas meus
caminhos. Você ainda não me ama, não sou um grande amor que existe nos poemas.
Sou apenas teu desejo mais discreto, destes que não se revelam num olhar ou num
sorriso. Sou apenas uma história que você gostaria de contar, algum dia, alguma
noite, em alguma cama, para enciumar alguém. Gosta de mim porque não alimento
tua insegurança. Comigo a vida não teria tantos medos ou desvios. Me sentiria
mal se pudesse te corresponder com a verdade. Me odeio por permanecer para
você. Somos culpados. Para quê enumerar tantas desculpas? Não me ame mesmo. Não
encontre em mim o que você procura. Por favor, diga que não sou eu. É
madrugada. Está frio. Meu corpo no teu, aquecemos, esqueceremos. Se amanhecer
iremos nos perder.
Cáh Morandi
maio 11, 2013
Travessia
Sobre você repouso minha expectativa. Estranho é esperar algo de alguém, não sabemos quem é o outro, não sabemos o que o outro nos despertará a ser. De repente, o teu amor me derrubou barreiras, ampliou minhas fronteiras, enraizou-se em mim. Habitamos no bonito do inimaginável. No inacreditavelmente nosso. Paro em frente ao espelho, meu reflexo é você, sorrimos, temos a sutil certeza de que o amor não chegaria senão fosse pelo caminho que nossas mãos ousaram abrir. O calor da tua palavra tatua o beijo em minha nuca, meus calafrios, nossos terremotos; desabamos para dentro de nós. Soterrados para nos renascer. O abismo já não é para nós o medo, mas o outro lado da nossa esperança. Atravessamos a escuridão, brilhamos em nossos olhos. Despencamos de mãos dadas, invencíveis em nosso sonho. A travessia era um primeiro amor.
maio 08, 2013
inverso
minta sobre mim,
se desaponte comigo:
tire as palavras
da minha boca,
inverta os gestos
leves em golpes,
faça do abraço
uma armadilha
transforma-me
no teu anti-amor,
dissolva-me
na tua covardia
apague nossas verdades,
viveremos dos segredos.
Cáh Morandi
vencida
Amor não precisa lutar para existir - ao menos não comigo. Ao pressenti-lo, já estou vencida.
Cáh Morandi
maio 07, 2013
06.05.2013
não aprendo a te perder
por mais longe que ando
só me aproximo
amor dado
não se pede
de volta
prefiro o que
fomos,
do que ser
sem você
Cáh Morandi
maio 06, 2013
nós e o tempo
o amor é esta nuvem que
paira sobre nós
tirando a nudez
azul do céu
este dia nos revela,
transparecemos,
suspeitamos um
domínio do tempo
te dou a mão
e a vida -
vou contigo,
sem quando
nem onde:
eu sei, amanheceremos.
Cáh Morandi
beijos e palavras
o beijo inesperadamente roubado
traz a mudez do próximo segundo
construímo-nos neste
longo silêncio do depois
melhor ainda teus lábios
que uma vida repleta
de palavras
Cáh Morandi
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