junho 26, 2008


pelas saudades que virão
nesse poema eu faço
um apertado abraço
para os dias de solidão



(Cáh Morandi)
O amor é alguém que a gente não tem
e às vezes tem, mas nem desconfia disso

Auto Leitura


e se tudo o que eu sou
ou seja lá o que fosse
já estivesse publicado
carimbado, editado
e distribuído?
não, eu não seria
um best seller
e você nem havia de
ter me conhecido,
ou se conhecesse
nem graça teria,
você já saberia tudo
do meu passado e futuro
até as coisas que eu nem sei
por que devem ter acrescentado.
ah, ai, se me conhecessem
num estudo bibliográfico!
hum, que fracasso
ninguém me compraria!
melhor, eu prefiro é doar poesia,
doar essa coisa que eu sinto
e que transborda...
alguém entenderia,
e veria beleza nas entrelinhas!
ah, eu sou tão pequena...
mas se o universo todinho
cabe dentro de um verso,
eu posso ser ao inverso,
posso ser grande,
posso ser perto
de tudo que quero



(Cáh Morandi)

junho 25, 2008


"Se escrever for coisa lá de baixo
que Deus perdoe meu lado errado
e me receba quando for meu dia
prefiro morrer fazendo esse pecado
do que viver sem nenhuma poesia"


(Cáh Morandi)

junho 24, 2008

Além do riso



era como ele me fazia rir
não o riso, mas era como
ele me afundava as mãos
e me torturava de cócegas
nunca foram as gargalhadas
era essa maneira única em
que ele me tirava todo ar
e me matava por um triz
era como me fazia tão feliz
antes e depois de um sorriso



(Cáh Morandi)

Segredos no silêncio




eu te escrevo, embora ninguém entenda
que nesse silêncio te revelo meus segredos;
escrevo e te amo, porque não há outra forma
de passar pela vida se não passares comigo;
me guarde perto das coisas que levaste
para contar quando tudo já estiver tarde;
me eternize num feliz retrato que nenhum poema
ainda conheceu, pois que é só teu meu riso;
não me esqueça, não me deixa, nem parta,
porque agora a inspiração é farta
de tanta rima que surge no teu beijo;
e quando te tenho, e te recebo,
e vens me invadindo o mundo
ah, por esse segundo
eu daria a eternidade inteira.



(Cáh Morandi)

junho 23, 2008

Sobre o abraço




Se um homem soubesse o poder que seu abraço tem ao acolher uma mulher, a segurança que ela sente, todas as melhores coisas que passam em sua mente, o quanto ela se entrega. Se ele desconfiasse que naquele momento ele a tem inteira, completa, repleta de uma felicidade extrema. Será que ele se manteria ali por mais alguns segundos? Será que a pressa de um abraço seco se tornaria próximo do que uma mulher sente? Será que ele entenderia que essa coisa tão simples, tão gratuita, dentre muitas coisas no mundo é o que gente mais precisa, é o que nos abriga, é o que dá paz ao nosso sono?



(Cáh Morandi)

junho 22, 2008


o que me der na telha eu faço
escrevo, me rasgo num poema
isso não é problema dos maiores
há coisas que são bem piores,
por exemplo: saudade e solidão.
não, só o amor que tem dois gumes
que dói de tanta felicidade
se por candura ou por maldade
isso também não sei dizer;
o que importa é que a gente “tá por aí”
para quem quiser se arriscar,
se apaixonar ou virar poesia




(Cáh Morandi)

Rápido


e quem me dera que de sorte
ele me amasse
sem eu ter que pedir,
sem eu ter que gritar;
quem me dera que ele
viesse sempre carente,
sempre contente
como no começo parecia;
mas não, passou o
primeiro momento,
o encanto e magia;
tão rápido passa o amor
que tão pouco durou
e já vira nostalgia





(Cáh Morandi)

junho 21, 2008



Me enchi de uma coragem que até então eu desconhecia, a suportei, não tremi, não gelei, nada, absolutamente nada, nem minha voz, nem ela que é tão delicada e doce como se ainda fosse uma criança, desafinou ou tropeçou:
- Amor, tu me ama?
Ele demorou, talvez mais do que eu pudesse ter suportado, era tempo de eu ter vivido e renascido centenas de vezes. Então por um momento, algo gelou, algo deu de voar para longe, e esse algo era uma espécie de esperança e medo, ainda não respondidos:
- Te amo, mas enfim que já é tão tarde...
Depois eu fui desmoronando, até entender que o amor era algo diferente de mim. Que o amor não tem a mesma urgência, a mesma crença e gana que eu tenho de me sentir viva, ou de apenas sentir.


(Cáh Morandi)

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