abril 30, 2008

Não nego!


não nego, eu sempre me entrego
se o tempo insiste em me levar
mergulho no vento sem horas
a vida tem costume de voar
me entrego, eu nunca nego
que algumas vezes quis ficar
sentada descalça na calma varanda
em vez de ir, vendo tudo passar


(Cáh Morandi)

abril 27, 2008

Acordo


Vez em quando eu olho para trás
e o passado se esconde ou some,
algumas vezes dorme...
Vez em quando o passado me olha
e eu me escondo ou sumo,
algumas vezes durmo...
Às vezes ele acorda com fome
e me devora por completo;
Às vezes eu desperto e me revolto
e o reviro só para o atingir ;
Nem sempre nos cruzamos, evitamos
de nos topar, de nos ferir.




(Cáh Morandi)

abril 25, 2008

Para desconcertar


eu gosto de te olhar
até travar tua fala
até a gente se encaixar
no chão da nossa sala;
eu gosto de te desconcertar
só para te reinventar de todas
as formas que te desejo;
eu gosto de te contrariar,
de te ferver, de te irritar
só para depois sorrir,
te encantar, te desmoronar,
te deixar sem jeito.



(Cáh Morandi)

Pode abrir?


Em seu lugar


Como será estar no seu lugar
e saber que está me perdendo?
Como será quando você me olha
e se alguma coisa chora ao me ver?
Como será quando não falo contigo
e é vazio o mundo que já foi abrigo?
Como será quando esperas que te amo
e no fundo é engano ainda acreditar?
Como será não ver e poder acordar
não mais me amar toda manhã?
Como será esse tempo de esquecer
todas as coisas que criei para você?
Como será só me encontrar por acaso
lembrar o passado e sorrir sem sofrer?



(Cáh Morandi)

abril 24, 2008

Para ti


Se eu não chegar a tempo
Se eu não resistir até o próximo dia
Se eu embarcar sem aviso
Se eu tomar chá de sumiço
Guarde esse pequeno escrito
Que pode até não ser bonito,
Mas que fiz pensando em você
Então, se eu desaparecer
Lembre de relê-lo sempre
Para não esquecer da gente
Para me manter viva em ti
Relembrar da forma que sorri
Enquanto te escrevia esse verso

(Cáh Morandi)

abril 22, 2008

Temporais de tempo




se toma um susto
quando a gente
se nota depois
de tantos anos;
tudo mudado
ao se ver no espelho;

e ao se olhar por dentro
lá estava no tempo
o coração aberto
a mercê dos temporais


(Cáh Morandi)

Castelos de Areia



Cortinas de primavera encobrem a janela
que nela veja flores pois que o outono chega
Ao meu redor, tudo é teu nome
e a estação passa tão lenta

Giro no mundo, em tudo eu te vejo
as pétalas que viste ao caminho comigo
Tem o mesmo teor da tua face
Teu beijo...

Há tanto de ti que ainda desejo
e a minha alma suave te quer plenamente
como os sonhos que resistiram ao tempo
cujos passos jamais prescrevem

O que restou do tal paraíso
dos anjos nossos tão belos?
Das longas tardes de risos,
das mãos que em laços se deram?

Os passos se confundem no caminho
são trôpegos ditos de promessas feitas
Os planos são castelos de areia
ilusão de miragem que a paixão alimenta

Cada dia é um dia que espero tua volta
Cada instante mais frio arrefece-me a calma
Dessa alma minha que só sabe ser tua
Desse corpo meu que suspira tua boca
Nessa falta que fazes, gritante e tão louca


Cah Morandi & Serginho Reis

abril 21, 2008

Faz-me tua



Faz-me tua de algum jeito
Me rega e germina
Me vela e nega
Me beija e alucina
Se esfrega,
Me faz feminina
Faz-me tua de algum jeito
Me acorda fera
Me dorme bailarina
Me enfeita de menina
Se entrega,
Me roda à dançarina
Mas faz-me tua de algum jeito



(Cáh Morandi)

abril 20, 2008

Absurdo




Não há mais paisagens
Quando olho para a janela
Não há mais primavera
No concreto tão sisudo

Não há mais roupagens
Quando olho pintura na tela
Não há mais atmosfera
No abstrato tão desnudo

Cantaram na rua outros sons
Vestígios borrados de céus
Paredes se vestiram de véus
Apagando do poente seus tons

Silenciaram nas curvas outras vias
Pela arquitetura pintada de treva
Tetos se matizaram de névoas
Acendendo de ébano as travessias




(Cris Poesia e Cáh Morandi)
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