julho 31, 2007

Para ti

(dedicada à Carla Carolina Pereira)

Se eu não chegar a tempo
Se eu não resistir até o próximo dia
Se eu embarcar sem aviso
Seu eu tomar chá de sumiço
Guarde esse pequeno escrito
Que pode até não ser bonito
Mas que fiz pensando em você
Então, se eu desaparecer
Lembre de relê-lo sempre
Para não esquecer da gente
Para me manter viva em ti
Relembrar da forma que sorri
Enquanto te escrevia esse verso.

(Cáh Morandi)

A(pesar)



Eu resisti
Apesar de você
Quase me rendi
Ao cansaço
Mas preferi
Ser brava muralha
Não tombar
Vencer a tempestade!
Eu resisti
Apesar de você
Suportei o silêncio
E cada segundo frio
Superei-me desafiadamente
Dia após dia!
Não vivi,
Mas (sobre)vivi
Apesar de você
Apesar da chuva
E da cor cinza...
Apesar dos pesares
E dos leões diários,
A(pesar) de mim...


Cáh Morandi

Saber do que passou


Era quase perto das seis
Naquele domingo interminável
E você ria serenamente
Sentado no sofá...
Hoje ainda lembro,
Mas sei, já se foi o tempo...


Passou o sol
Passou o dia
Você passou
E eu fui ficando...
Mas ter algo para lembrar
É uma forma de saber que te amo.

(Cáh Morandi)

julho 29, 2007

Uffa

Despertei
De um sono
Profundo
Belisquei-me
Para ter
Certeza
Uffa...
Respirei!
Era eu
Depois de tempos...
Eu!
Uffa...
De novo
Não era
Amor...

Cáh Morandi

Musicar você


Se eu fosse musicar você,
Começaria pelos olhos e sorriso
E depois dedilharia teu corpo, lendo nota por nota,
Do, ré, mi, faz-me tão feliz!
Seu olhar tem um lindo som de blues,
Daqueles que vêem carregados da alma,
Teu toque, um jazz que a madrugada ia rompendo
Trazendo o sol, e na janela a passarada!
Cântico de negro há uma certa tristeza no ar.
Tua voz tem toda a sinfonia que eu preciso
E que faz eu adormecer em meio a agitação...
Quantas noites minhas mãos se confundiram
E fizeram de teu cabelo harpas que toquei.
Já o seu sorriso...Ah o seu sorriso
É como o som de uma escola de samba
A desfilar na avenida, alegria, um convite, um brinde a vida.
A gargalhada tem partido alto
Poesia, sustenido!
Coro vasto, orquestra em sintonia!
Até seu riso amarelo
Tem uma cadência de samba singelo
Fico a imaginar que mistério há
Entre seu sorriso e seu olhar
Que fazem de ti melodia...


[ Marisa Vieira e Cáh Morandi ]

Súplica de Loucura


Eu peço um pouco de loucura antes de chegar mais esse fim de semana para que eu não vá a locadora e alugue centenas de filmes de novo e me embrulhe nos cobertores torcendo para que horas tão lentas se apressem em direção da segunda-feira. Um pouco de loucura para eu tirar o carro da garagem e pegar estrada a noite inteira só para ver o mar azul daquela praia quase que deserta no fim do litoral. Um pouco de loucura para soltar meus cabelos e procurar no guarda-roupa aquele sobretudo preto que comprei no Chile mas que nunca usei, esperando algum dia bom para colocá-lo. Um pouco de loucura para me perder mais algumas horas me maquiando no espelho e me sentir bem, mesmo que seja para sentar de moletom na varanda, mesmo que seja para colocar a camisola e ir para cama. Um pouco de loucura, uma boa dose dela se hoje alguém puder me dar... Dispo-me da candura, da leveza, da lucidez e suplico loucura. Suplico ver-te outra vez...

(Cáh Morandi)

Percepção


Hoje eu andava no centro pela manhã, apressada, óculos escuro na cara, salto bem afiado, cachecol cuidadosamente colocado e um vento que chegava a ser cortante de frio. Deixei meu pensamento escapar e reler um pouco de minha alma, e então, num rápido fragmento de tempo, me deparei em saber o quanto sou rica. Sim, rica de verdade: um bom trabalho, uma família linda, bons amigos, algumas viagens, saúde em dia, inspiração para poesia e suspirei feliz, em paz, uma leve sensação de que está tudo bem. Vai lá, não tenho muito dinheiro, mas o que vem primeiro são essas coisas que alegram o coração da gente. Fiquei pensando nisso o dia todo, e observei que só uma coisinha me falta, uma que faria toda diferença: o amor do homem que amo! Putz, seria sorte demais. Melhor que ganhar na loteria!

(Cáh Morandi)

julho 27, 2007

Amor livre


Pouco importa
Agora para onde vais
Ficarei no mesmo lugar
E te amarei livre,
Com meu pensamento,
Com meu corpo,
E com minha alma,
Num tempo sem fim,
Numa imensidade infinita
Aprenderás longe de mim
Que o amor não parte
Junto com ausência do outro
Mas será tarde,
Tão tarde como esse poema...
Te amarei livre!
Te amarei como meu!
Te amarei como a mim!
Com o mesmo amor
De cada palavra
Que aqui escrevo
E me despeço,
E te beijo,
E te deixo...


(Cáh Morandi)

julho 26, 2007

Estrelas da Manhã



A noite
Acaba nos deixar
E pelo vidro da janela
Surge a luz ainda tímida


A noite
Acaba de nos deixar
Meu bem, você vem e
Me convida para ver estrelas.

(Cáh Morandi)

julho 25, 2007

Árvorec[eu]


Sentei entre as folhas secas
No último dia de outono desse ano
O vento beijou meus cachos
E a tarde adormecia em meu peito
Escrevi uma poesia na terra
E disso brotou uma árvore
Que a medida que crescia
Me envolvia, me penetrava
E só parou no exato instante
Que me senti completamente
Plantada junto com suas raízes
Permaneci com ela algumas estações
Dei-lhe um nome na primavera
E chamei-a de Saudade
Voltarei hoje ao jardim antes que escureça
Me abraçarei a ela novamente
Cavarei a terra, me colocarei lá dentro,
E hei de ser também parte da árvore
E me plantarei e enraizarei de novo
Até que eu me torne toda Saudade
E quando passeares no parque
Ao lado do teu novo amor
Descanse na sombra desses galhos
E se cair em tua boca uma gota de orvalho
Não estranhe que carregue o meu sabor.

(Cáh Morandi)

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