venho de uma eternidade para me conhecer e descobrir enfim que a chegada era você
sem placa, sem aviso quase despercebido era este ponto de encontro que se transformou em faísca de luz a dividir os tempos, a iluminar o simples, a clarear o re- meço
Cáh Morandi
abril 10, 2018
propositalmente que vivi em exílio do amor
e por isso que perdoo caso outro alguém não chegue a tempo
mas não você, de quem não me escondi, de quem me deixei ser descoberta colonizada sitiada
e ser o lugar do mapa onde dão as linhas das tuas mãos
Cáh Morandi
não olho o relógio porque meu medo se tornou saber a velocidade do tempo
paro sem nem mesmo estar cansada, para parecer que ainda estou mais longe de chegar no dia que não haverá outro jeito
infinitamente te amar tem me colocado à prova de uma covardia:
saber os dias de todas as distâncias que temos
Cáh Morandi
próximo de clarear de a explosão haver perto de se cruzar a um fio de devastar
tamanha intensidade desse colapso, mais rápido que o reflexo, deixou o movimento em pânico, e o que era só um encontro deixou o amor perplexo
no momento ínfimo pareceu tão cósmico o sentir-mos-atômicos num big-bang íntimo colidimos indefesos embora de propósito
Cáh Morandi
o azul me torturou até me dar coragem de velejar
o mar não me aceitou em terra firme: quebrou e retomou parte do desejo libertador cuidadosa-mente aterrado
por muito tempo o preço pago pela segurança do cais foi a liberdade julgar o mundo pelo tamanho da corda presa na âncora
soube que com os pés na areia não se aposta o destino de um barco em alto mar
estará chegando ou partindo?
Cáh Morandi
outubro 25, 2017
desculpe, mas depois de entrar em conflito agora sei que seria uma covardia hastear a bandeira branca
nada contra ninguém, estou desarmada para batalhar por e contra mim e sem me esconder nas trincheiras com medo do confronto
em tempo, sei que vencer implica estar em batalha, portanto, se não há luta aceito a paz de não me conhecer
dou continência à vida, prossigo
Cáh Morandi
outubro 24, 2017
não desconfiava que olhar o relógio tantas vezes já era ter pressa de ti
que o mormaço da noite já era fogo, que os lábios secos já eram a sede que eu tinha de você, que o arrepio despertando o meu peito já era me servir como tua rede
sem saber respirando eu estava à postos e parecia ser normal como todo humano: sob-viver com os danos
mas aí você
Cáh Morandi
outubro 03, 2017
sem qualquer cuidado coloco essa compressa de realidade às pressas sobre esta ferida de amor
querendo e com a impossibilidade de morrer, como dizer ao coração que ele sobreviveria?
trêmula de muito longe vejo a cura à passos curtos para os sangramentos lentos