maio 26, 2016

salvo a covardia
o restante é possível
esquecer
fora a ferida o
sangue é possível
estancar
exceto os pesadelos
da memória é possível
dormir
separando o medo de
caminhar na rua é possível
sobreviver
apagando as 33 digitais
estranhas estampadas
pelo corpo não será possível
perdoar

Cáh Morandi

http://www.metropoles.com/brasil/policia-br/acordei-com-33-homens-em-cima-de-mim-diz-jovem-estuprada-no-rio



maio 25, 2016

se me conheço
sei que perguntaria
sobre a espécie
depois de identificar
a raiz, mas não
quero saber tudo
um pensamento
um pouco profundo
responde os maiores
mistérios
para continuar
o mover secreto
do que é a vida,
debaixo dessa
única árvore
conto sempre
as mesmas
folhas

Cáh Morandi
os anos de escola
não me fizeram
acertar os cálculos
multilpliquei os 
enganos por não
somar o imprevisto
o resultado é exato
e não foi me dada
a múltipla escolha
para aproximar
do acerto com o
que duramente
pude encontrar
não me vejo nula,
mas me sinto
subtraída

Cáh Morandi

maio 22, 2016

quando era de manhã
a paz balançava branca
os varais das histórias
e de tão claro o céu
nenhuma mancha
me vestia a alma
nos olhos castanhos
havia o campo que
florescia perto de um
sorriso esquecido no
canto dos lábios
só não devia caminhar
sei que andando tropeço
sobre as horas e esqueço
que sempre estou indo
para me entardecer
parada, aceitando a noite
que agora bate na janela,
sei que é a saudade
nunca atrasada

Cáh Morandi

maio 10, 2016

embora queira, é tarde
demais para apagar-me já que
quem sou está posta sob a luz
de todos os pensamentos
dolorida e lenta tento
viver dentro do que
é simples, pois é
por complicar que
a vida dói
como me desprender
da alucinante existência
para, despercebida, passar?
é difícil não ser
invisível

Cáh Morandi

maio 09, 2016

amar tem sido um dia
de céu azul claro
sem vestígios de
nuvens navegando:
celebrar o amor com
os festejos de um dia
santo porque é em si
o milagre nascido de
um pedido intimo
te admirar e desprevinida
deixar tuas mãos pousarem
em minha cintura e sem
contestar seguir para
onde elas me guiam

Cáh Morandi 

maio 04, 2016

primeiro apago a luz
da cidade, para depois
caminhar nas ruas
de olhos fechados
guio o amor às pressas
pelo tato nas paredes
dos lugares que
esqueço devagar
por saber que num claro dia
a dor me cegará anunciando
o fim, é para suportar que
acostumo a ver só o que
está por trás das vendas

Cáh Morandi

maio 02, 2016

pega de surpresa, o amor
me atravessou a pele, me
rasgou a carne, devorou
meus ossos, converteu o meu
espírito e trocou as roupas
da minha alma exausta
assim: ao me beijar a testa
lavando meus os olhos, por
desacostumar com os afetos
e ser talhada pelas
antigas durezas. assim:
ao me despertar no abraço
e me emocionar por saber
segura e tocável - ainda
ouço teus planos a me convidar
para o futuro e só o que posso
é ser cuidadosa para não comprometer
a memória: te conheço
desde quando meu poema
apenas te imaginava

Cáh Morandi

maio 01, 2016

por ser mulher e forte
por ser fêmea e frágil
por ter voz e discurso
por ter motivo e luta
por ser incabível não
me ajusto para entrar
no infinito e por ser
de fibra não me dobro
para cumprir o destino
por ter por essência a
liberdade, por ter por
identidade a coragem
e por ser sensível ao que
posso transpor ao mundo
em um só segundo quando
levantar o corpo e a voz,
guardo a revolução
para o momento oportuno

Cáh Morandi

abril 30, 2016

das promessas,
não peço
que as cumpra,
mas não
as esqueça
é possível conviver
com as dúvidas
não saberia
com as certezas

Cáh Morandi

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