abril 12, 2016


perdoe por meu amor
não dar frutos, por não
florescer meus ramos
em delicadas carícias
por não respirar o sol
em minhas folhas de
existência e vida
não pense que não
conheci as primaveras
que algum dia não
exalei beleza e perfume
que não tive cores
me tornei profunda
envolta em mim
sob o peso estéril agora
permaneco semente,
somente e agradeco

Cáh Morandi

abril 04, 2016

é a esta pequena faixa
de luz permeando as
fibras envoltas na
na vida que me apego
e encontro a chance
de me salvar, a utopia
resguardando o inalcançável
açoitado brutalmente pela
frieza dos dias, embora haja
tímido o sol; buscando em
resistir e não aceitar e me
sentir em fracasso junto
aos que andam ao meu lado
acordada e nunca dispersa
tenho sonhado outros amanhãs,
embora saiba que só o desejo não
mova as lutas dos dias,
é do sonho que crio
a realidade possível
e prossigo


Cáh Morandi

abril 02, 2016

não fosse o tempo das
incertezas e das chagas
e o retorno íntimo não
previsto a me deixar frágil
não fosse a verdade
ter se apropriado do medo
e a palavra não ter
naufragado na garganta
não fosse os encontros
errados demorarem tanto
e o esquecimento pudesse
cobrir o que corrompemos
considero e não posso,
mas de onde te olho
o amor parece tocável

Cáh Morandi

março 29, 2016

queria gastar o resto do tempo
para que me desconhecesses,
que com as passar das horas
menos pudesses saber, e
desaprender os caminhos
que te guiei e que ficasse
estranho o que te fiz provar,
que houvesse ainda o receio
de ter liberdade comigo,
e não me admirar por nada
ou se preocupar com tudo
que me referencia, desaparecer
da tua memória até meu traço
ser comum a qualquer rosto
se a súplica antecedesse o milagre
e então o futuro me desse
a possibilidade de usar o
destino do avesso, evitaria
o começo e te resgataria
antes de todos os danos

Cáh Morandi
foi de recortar as dores
e espalha-las assim no
chão da sala que pude
me ver melhor e
encontrar surpresa
um fio de amor a me
resgatar
agarrada a ele com
unhas e restos, subi
do mais profundo o
meu corpo à luz de
uma esperança tímida
que me penetrou para
anular a esterilidade
que havia me escorado
exposta ao primeiro
novo golpe, não serei
dúbia aos que desconfiam:
sou mais forte no regresso

Cáh Morandi

março 22, 2016

meu medo era esse:
habituar com tua falta
aprender a te ter
sem que estejas, e 
me sentir a vontade
na tua ausência como
se povoasse o mesmo
espaço, e aos poucos
minha voz estranhar
teu nome a ponto
de te chamar num
pensamento muito
intimo, e aconteceu de ser
que te amo e o amor não
existe, mas me sinto absolvida
por não desfazer as distâncias



Cáh Morandi

março 16, 2016

essa emoção antiga
me brinda a lágrima
repentinamente e
um aperto saudoso
um respirar mais fundo
algo no mundo
tempo-espaço
eterno-acabado
resume a vida
uma só memória

Cáh Morandi

março 11, 2016

para ganhar é necessário
a renúncia, o mérito
a gota de suor
a integridade do caminho
a honra da palavra
a verdade do afeto
essencial ainda é
descobrir a dor
de tudo que se
perde ao vencer

Cáh Morandi

março 10, 2016

deveria chegar maduro
inteiro e livre, sem alarmar
sem prometer e endoidecer
não ser a pedra no caminho
e nem ser, também, o próprio
caminho, não nos ser. o amor.
a identidade foi perdida
a razão não mais recuperada
nos dá as dores, as dúvidas
e as nossas sobras. o amor,
o quanto de tudo isso é nada.

Cáh Morandi

março 03, 2016

tanto lugar para se encontrar
e foi acontecer de ser no
labirinto de tudo o que sinto
e você de tudo que esperava
foi bem ali: nesse ponto
incógnito, na linha invisível
do trópico de capricórnio
que meu ascendente em
fogo foi descongelar
para entrar não teve segredo
nem senha, nem mistério,
e se tiver saída, onde
perderam o mapa?
onde os que nos antecederam
no amor já chegaram?

Cáh Morandi

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