Cansada de relutar no amor, confesso a entrega. Demorei para cair nos teus braços com medo de que o deslize me deixasse em tuas mãos. E estou.
Cáh Morandi
junho 13, 2014
junho 03, 2014
Mea Culpa
Antes que se perca este instante que me invade, vou te
escrever algumas palavras. Não se engane, e nem me engano, talvez isto seja
mais para mim do que para você. Não sei lidar muito bem com o amor, falta de
prática ou talvez excesso de tentativas.
Da última vez, sei que estraguei tudo, sei que coloquei seu coração em
dúvida, sei que torturei seus pensamentos por dias, que talvez tenha até roubado
intencionalmente parte do seu sono. Mas as palavras não encontram descanso em
minha garganta, e entre um beijo, e enquanto suas mãos brincavam na covinha do
final das minhas costas, eu disse. Disse que gosto muito de você para aprisioná-lo
a mim. Disse que não estou pronta. Que tenho medo. E que ainda há um passado em
mim que não desfaz as malas. Não, não é amor... é apenas um passado. Gosto do
que temos, da intimidade que construímos anos e anos. Você que me encontrou
menina e comigo se tornou homem. Nos vimos amadurecer. Nos vimos amar e
desamar. Nos vimos nas despedidas e nos encontros. E é isso que quero que
entenda: não cabe a nós sermos um casal, porque somos a melhor dupla que
conheço. E somos mais, bem mais, porque somos cúmplices. Conhecemos nossas
raízes e nossos frutos. Conheço teus fracassos. Você sabe os meus escândalos. E
por toda vida, até aqui, você sempre foi o abraço que reteve quando me
machuquei andando pelo mundo (e quero que continue sendo). Por favor, não
estrague. Por favor, não me ame. Não é com você, é comigo. Foi sempre comigo que o amor sacaneou.
Cáh Morandi
maio 06, 2014
Balancê
Logo eu, estabanada, que sempre dancei conforme o vento balançava. Eu que não criei raízes, que não sei o que herdei. Me deparei com você, e deu vontade de ficar, de sossegar. De colocar a rede, e balançar de onde te enxergue.
Cáh Morandi
abril 22, 2014
Sem pressa
descanso as palavras
porque, de certa forma,
tenho descansado no amor
já não tenho pressa ou força,
mas a calma me repousa,
estou esperando pouco:
apenas o que mais preciso
Cáh Morandi
janeiro 23, 2014
Namoro com ele
Namoro com ele porque é nesse instante que (sobre)vivo a felicidade. Namoro com ele para contrariar tudo que acredito, que julgo, que desconfio. Namoro com ele para descobrir novamente meu corpo e as canções antigas de algum lugar bem antes de nós. Namoro com ele para agora compreender os poemas, e ficar, e demorar, e reler a mesma página para nos encontrar muito além das palavras. Namoro como ele para beber mais água, para comer mais devagar, para usufruir melhor do sono e me submeter as mudanças que acontecem não só no coração, mas também no corpo que agora também é dele. Namoro com ele para replanejar todos os planos falidos do passado, as viagens adiadas, o apartamento desejado, as cores e objetos da nossa sala. Namoro com ele para escolher os nomes dos filhos que teremos, e antes de adormecermos ficamos entre Andrés, Luizas, Helenas, Claras e Felipes, gestando em nós a rotina que um dia mudará. Namoro com ele para mudar minhas reações, minhas irritações, minhas ansiosidades, porque ele sempre surpreende, sempre discorda, sempre atrasa. Namoro com ele porque dividimos a louça, dividimos o banho, dividimos a cama. Namoro com ele para escolher sempre o melhor vestido, o hidratante que amacia melhor minha pele, a cor que deixa meus cabelos mais castanhos com o sol. Namoro com ele para encontrar quem sou, quem fui e quem quero ser ao seu lado, sem jamais imaginar a vida solitária outra vez. Namoro com ele para amá-lo com suas virtudes e defeitos, com seu melhor e seu pior, para beijar cada cicatriz do seu corpo sem querer saber as histórias, para recompor o que ele já perdeu pela estrada, para dar minhas mãos à ele sem destino, mas com segurança de ancorar. Namoro com ele para descobrir que o amor não é nada do que eu pensava de perfeito. O amor é um vazio abismal e profundo, que só se preenche um no outro.
Cáh Morandi
Cáh Morandi
janeiro 17, 2014
Amei e não me culpo. O amor não é um laço para o arrependimento, mas sim o caminho do amadurecimento. Não poupar o beijo, não tardar a pele. Conhecer-se na entrega: estar no outro para poder "se estar". Deitar sem a pressa do relógio, permitir o delírio das palavras flutuantes com o corpo em um abraço. Pousar a mão sobre o peito e esquecer-se. Repousar a cabeça sobre o coração do outro e ser embalado pela sua respiração. Vivo de ser livre me prendendo em outras mãos. Amar como se o dia-a-dia não existisse. Amar com o mais profundo que pudermos sem economizarmos os “euteamo”. No final doerá, sempre doerá e será dilacerante. Mas se a dor não poupa, porque pouparemos na intensidade do que nos causa?
Cáh Morandi
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