janeiro 17, 2014


Amei e não me culpo. O amor não é um laço para o arrependimento, mas sim o caminho do amadurecimento. Não poupar o beijo, não tardar a pele. Conhecer-se na entrega: estar no outro para poder "se estar". Deitar sem a pressa do relógio, permitir o delírio das palavras flutuantes com o corpo em um abraço. Pousar a mão sobre o peito e esquecer-se. Repousar a cabeça sobre o coração do outro e ser embalado pela sua respiração. Vivo de ser livre me prendendo em outras mãos. Amar como se o dia-a-dia não existisse. Amar com o mais profundo que pudermos sem economizarmos os “euteamo”. No final doerá, sempre doerá e será dilacerante. Mas se a dor não poupa, porque pouparemos na intensidade do que nos causa?

Cáh Morandi
sinto paz em nosso amor
discreto das agitações
do beijo leve, que leva
do abraço seguro
com ar de liberdade
e gosto da forma
que pesas teu peso
e demoras afundando
teus olhos nos meus
até me encontrar tua

uma leveza em nós
com a infinidade
de sermos
sempre


Cáh Morandi

dezembro 09, 2013

Não, não é demais
talvez seja até de menos
meu exagero no receio
em te/me apaixonar

depois não vá dizer
que não avisei
que eu era caso sério
feliz demais para ser
mistério

Cáh Morandi

setembro 19, 2013

vem

Vem, quero descansar no silêncio do teu peito tímido, quero adormecer em teu abraço para acordar no sonho. Vem, me ama sem a pressa do dia que virá, se o futuro nos separa, então não acreditaremos nele - por hoje. Vem, quero deixar minha boca no teu beijo mais macio, trocar meu gosto pela tua saliva. Vem, diz todas aquelas poesias em meu ouvido, dedilha em minha cintura nossa música, segura meus pés entre os teus para criarmos um caminho. Vem, há este tempo tão suspenso de possibilidades, e meu desejo, por agora, é não te perder para sempre, novamente.


Cáh Morandi

setembro 09, 2013

Aceno



Foi em que traço, personalidade? Em que noite, madrugada se endereçou? Em que face foi mesmo que o amor ficou? O amor sempre será esse lado menos exposto, arranhado no corpo, com ares de futuro. Se entrega à próxima composição, mas segura os sinais. Desabotoa represas, mas encolhe os canais. Suspenso-lento-ardendo. O amor sempre será esse teu lado que não desemboca, que não vem à tona, que não vale meu sopro, minha noite, minha pena, meu poema. Não diz, não age, é inerte, insosso, imaturo, indeciso, impreciso ao que preciso, agora. Quanto mais abandona, mais me encontra: providencial; um lado meu que só renasce porque te espera. Acredita ainda, e envelhece. Renasce porque te melhora. Renasce para que no ventre dessas entregas, uma palavra pequena aborte as próximas distâncias. Uma palavra só, ou uma ponta de coisa-qualquer que valesse uma poesia. O amor sempre será esse hiato que não se desenvolve. Essa pedra que onda bate e não se dissolve. O amor sempre será alguma coisa sua, que não me resolve. Que não absorve. Que não me suga. Que não me seca para que eu me molhe. Que não te recomeça. Que não te escolhe. O amor te acena. Agora temos pressa.

Cáh Morandi & Priscila Rôde

setembro 02, 2013

Doer

... mas e essa dor? Teria mesmo sentido que ficasse por tanto tempo? Ao contrário de você, não me abandonou. De tanto convívio, agora a chamo de minha. Minha dor. Há coisas que deixa-se de compreender. Que fique a dor, mas não quero que arda a ferida antiga. Quero alguém que venha me rasgar de novo a pele, com fúria, me deixando em estado de calamidade. Um amor adolescente. Inconsequente, sequente. Uma nova tatuagem, uma cicatriz que se feche diferente. Se vou dolorir, que não seja de saudade. Quero doer, doer, doer de amor.

Cáh Morandi


agosto 27, 2013

me cuida



Não foi necessário dormir para que sonhássemos juntos. Estou descansando com os braços imóveis dentro do teu abraço, seu corpo me protege as costas, tuas mãos se aquecem se fechando e se aproximando em meu coração, sua voz desliza baixo em meus ouvidos, você respira quente sobre meu pescoço arrepiado. Relutei por tanto tempo escolhendo sempre o amor errado. Não cheguei inteira até aqui, mas me entreguei quando você disse que ama todos os meus pedaços. Me cuida, deixa tuas mãos se perderem em meus cabelos para que eu me encontre segura. Guarde sempre teu próximo beijo para mim.

Cáh Morandi

agosto 12, 2013

definições


a realidade me atravessa
já não posso tardar na resposta
tudo agora me define –
decido o futuro
sem conhecer o fim

o amor será adiado,
outra vez

Cáh Morandi

agosto 09, 2013

Pare



Se você não parar exatamente agora, irei me apaixonar. Vou entregar todos os pontos, vou abrir o mais largo sorriso, vou atender todas as suas ligações, vou responder todas as tuas mensagens, vou querer te dar a mão para me sentir segura na rua, vou só conseguir dormir em conchinha para anteceder o sonho. Vou expor todos os sintomas de uma apaixonada.

Mudaremos o domingo para a nossa cama, sem pressa de levantar, tardaremos todos os horários. Redescobriremos novos filmes, os novos poetas irão compor canções para ouvirmos. Irei de novo contar o tempo de soltar o “eu te amo” e sempre será na hora errada, cedo ou tarde demais. Meu guarda-roupa começará a ter peças suas misturadas com as minhas, e nossos cheiros darão um novo ar para minha casa. De repente, estaremos fazendo planos, replanejando sonhos, revendo as possibilidades. E o melhor: podemos incluir todas as coisas novas para o amanhã, o amor nos dirá que sempre será possível.


Pare. Meus poemas se resumirão a todos os teus detalhes. E agora não quero escrevê-los, quero descobri-los.


Cáh Morandi

agosto 05, 2013

primeiro-último amor



Amo o jeito que ele sorri. Amo o som da sua risada. Amo quando o riso atrapalha as palavras que tentam ocupar sua garganta. Ele sorri com gestos. Sorri com a inteligência sutil de me cantar. Me distraí no momento e segura minhas mãos, me contagia com o divertimento de sermos nós. Bobos. Parece meu primeiro amor, mas não quero: seja o último.


Cáh Morandi

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