junho 14, 2013
para não dizer
não decepciono no amor
falho apenas na correspondência:
imóvel, não sou de grandes gestos
falo pouco, sou tímida na voz
desvio o olhar para negar
tenho medo de confessar
teu nome, secreto -
para não dizer,
te escrevo poemas
Cáh Morandi
junho 12, 2013
aqui em mim
demorei para reparar
que você havia chegado
em mim
te descubro entre
as coisas boas e melhores
morando em meu peito
não do lado esquerdo,
mas estranhamente direito:
precisei de um novo coração
para te receber
Cáh Morandi
junho 11, 2013
descuido
Perdi antes mesmo de ser derrotada pelo amor. Ao contrário de tudo que espero, inverso ao meu desejo mais secreto, você está. Não me oferece futuro, não aliança nossas mãos para um sempre. Me deixa para depois, fico estagnada na dúvida, sem avanço ou recuo. Cedo para ele ficar um pouco mais. Guardo a expectativa para correspondê-lo no agora. Não precipito para continuar no beijo. Enquanto posso, enlaço meus dedos nos dele, troco nossas digitais para a eternidade. Deixo ele ficar no meu corpo pelo tempo que queira e não pelo que desejo, tardo no suor. Não digo que o amo, embora. Não mostro que o quero, porém. Engano-me no amor para não sofrer a despedida.
Cáh Morandi
junho 10, 2013
isto
isto que paira
entre o nosso olhar,
isto que morde
os lábios da nossa boca,
isto que arrepia
nossos pêlos e peles
isto que disfarçamos,
que negamos com um sorriso,
que escapamos com o alívio
de não nos entregar
Cáh Morandi
junho 07, 2013
ainda tua
não vou me culpar
porque nosso tempo acabou
e o meu amor se perdeu
na distancia do caminho
antes, vou ser grata
pelos nossos dias e
o quanto fomos bons
um para o outro
não me odeie
ou me esqueça
se você lembrar
dos nossos beijos
ali, ainda, levemente,
serei tua
Cáh Morandi
junho 06, 2013
venha ficar
vi você nascer da minha
tristeza e virar beleza
enfeitando meus dias
que eram tão cinzas
vi sua delicadeza
espantando meus medos
me perdi nos seus dedos
tomando conta de mim
vi a felicidade se abrindo
como um dia de domingo
preguiçoso e bem-vindo
demorado em ficar
Cáh Morandi
junho 05, 2013
sobre palavras
Tenho medo de escrever certas palavras. Posso me confessar sem perceber, posso ferir alguém sem a intenção de fazê-lo. Desmorono algumas frases, maquio as expressões. Alongo um pouco mais a vírgula. Quebro linhas, reinicio um parágrafo. Minha graça é a existência da poesia. Minha agonia é o que a precede. Meu desespero é quando ela sobra, dentro de mim.
Cáh Morandi
junho 04, 2013
comigo
bonito é teu gesto
de me oferecer abraço
na minha desistência -
quando desacredito
da gentileza do amor
tu me fazes esta surpresa
quero retomar o ar,
respira este novo tempo, comigo -
nunca mais te perderei
de mim
Cáh Morandi
junho 03, 2013
esqueço-me
amar na mesma medida
em que me esqueço
não sobra tempo para a dor
não crio memórias para tortura
nem me anseio para amanhã,
desacredito para não me iludir
estou profunda em mim,
não toque na minha esperança
Cáh Morandi
junho 02, 2013
Nosso (improvável) amor
Nosso amor é uma expectativa constante, sobrevivemos do que pode ser.
Pode ser que amanhã você me ame. Pode ser que não.
O improvável alimenta nossos afetos. As possibilidades nos unificam.
Precisei fechar os olhos para enxergar o tamanho da sua importância na minha vida e quando despertei, amanheci em você, já não soube provar os dias de solidão. Estou para ti, porque só assim sei estar.
Não conheço mais caminhos, não procuro novos mapas, faço minha história no permanecimento. Você é minha casa, meu terreno, minha pátria, meu lugar tranquilo, meu descanso, você é a bandeira sobre qual me estendo. Nos confundimos nos nomes e sobrenomes, nas datas e nascimentos. Não sei se eu termino, ou se você começa, ou então se é o avesso. Somos laço. Nos perdemos em um abraço, já não sobra dúvidas sobre ocuparmos o mesmo lugar no espaço.
Hoje vamos inaugurar nosso amanhã.
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