junho 01, 2013
somos
como eu poderia ainda pedir?
já me entreguei, já me rendi
de dentro de você respondo com tua voz
que já sou parte de ti
não vou porque já estou
não sou porque já és
Cáh Morandi
maio 30, 2013
É você
E quem diria, você! Você que andava escondido em meus limpos lençóis antigos, que conhece as pintinhas que se espalham em meu corpo, você que me reconhece de rosto amanhecido, de humor atravessado, que lê meus poemas, mas me decifra quando calo, você que descobriu minha alergia, você que sabe quem eu sou na mais funda madrugada, você que ouviu o agudo da minha gargalhada incontida, você que não se surpreende as minhas reações espontâneas, você que me dá o braço quando o salto desvia o buraco do caminho, você que escolhe sempre o livro que eu iria escolher, você que conhece as mesmas canções desconhecidas que eu, você que espera meu banho demorado, você que me desvendou bem antes da intimidade, você que sabe que eu prefiro beijo roubado do que beijo pedido, você que me dá liberdade de ser uma mulher desejada, porque assim é pra você que quero voltar. É você, agora sei que é você. Me olhou, me aceitou no que tenho de imperfeito. Aceita os escândalos, vem comigo na timidez. Deixa que eu vá por onde quiser, mas se guarda porque sabe que é minha casa. Não muda, não treme nas bases, não deixa desconfiança. É e me vê com o melhor que somos agora. E eu que esperava um amor, nem desconfiava ser amada.
Cáh Morandi
maio 29, 2013
maio 28, 2013
antes
Amo mesmo antes
de ser amada,
não guardo a
esperança para depois
me dei antes
de ser roubada,
melhor é precaver
do que forçar a entrega
já não espero pelos sinais
não me prendo aos avisos:
não confio no futuro,
faço logo passado
Cáh Morandi
maio 26, 2013
maio 25, 2013
que seja
ando sobre
tua solidão
e a devolvo
para quem
te deu
iremos recompor
o riso que nos
devolve a
felicidade
dirão: impossível.
seremos impossibilidades.
Cáh Morandi
maio 24, 2013
insuspeitável
Não, eu não sou uma mulher bonita, não sou a mais simpática e bem humorada. Jurava que não prenderia teu olhar, mas ao contrário: fui presa. Surpreendeu-me na insignificância do momento, coloriu-me numa moldura de delicadezas, deu-me as mãos dentro da minha escuridão. Convidou-me para fora, beijou-me delicadamente cada cicatriz. Não me perguntou sobre as feridas: trouxe-me a cura.
Cáh Morandi
maio 23, 2013
lacuna
você vai chegar, novamente
vou me reconhecer no agora
não sei qual minha resposta
culpa do tempo que aconteceu
rápido demais e nós lentamente
então não sei, se ainda, de repente
encaixo ou folgo dentro do teu abraço
ou se o teu cansaço é também um fim
que dentro de mim soa para um recomeço
guardo uma esperança nos lábios
escondo no bolso uma despedida -
estou perdida para nosso encontro
Cáh Morandi
maio 21, 2013
amor de sempre
digo não por agora -
quero ficar presa
a esta esperança
falida e anulada
fecho-me para não ir
com as mãos estendidas,
escondo o sorriso que concede,
escorrego nos convites
não quero um novo amor,
quero amar novamente
Cáh Morandi
maio 20, 2013
até amanhã
Para nós é isto: esquecer. Encontrar um caminho para que possamos despedir a memória. O que colocaremos em nosso vazio? Substituiremos a ausência pelo que viveremos no futuro. Iremos recompor o passado com o que ainda não vivemos – amaremos ainda. Nos despedimos eternamente todos os dias. Retomamos o cumprimento com a euforia infantil. Nos trapaceamos para não nos acenar. Nós iremos partir, pelo meu, pelo teu, pelo nosso caminho? Me esqueça. Te esqueço. Inutilmente tentamos. Nos guardaremos para amanhã. Vivemos uma infância dentro do amor: fingiremos inocência.
Cáh Morandi
Assinar:
Postagens (Atom)