maio 25, 2013

que seja




ando sobre
tua solidão
e a devolvo
para quem
te deu

iremos recompor
o riso que nos
devolve a 
felicidade

dirão: impossível.
seremos impossibilidades.



Cáh Morandi

maio 24, 2013

insuspeitável



Não, eu não sou uma mulher bonita, não sou a mais simpática e bem humorada. Jurava que não prenderia teu olhar, mas ao contrário: fui presa. Surpreendeu-me na insignificância do momento, coloriu-me numa moldura de delicadezas, deu-me as mãos dentro da minha escuridão. Convidou-me para fora, beijou-me delicadamente cada cicatriz. Não me perguntou sobre as feridas: trouxe-me a cura.

Cáh Morandi

maio 23, 2013

lacuna



você vai chegar, novamente
vou me reconhecer no agora
não sei qual minha resposta
culpa do tempo que aconteceu
rápido demais e nós lentamente

então não sei, se ainda, de repente
encaixo ou folgo dentro do teu abraço
ou se o teu cansaço é também um fim
que dentro de mim soa para um recomeço

guardo uma esperança nos lábios
escondo no bolso uma despedida -
estou perdida para nosso encontro

Cáh Morandi

maio 21, 2013

amor de sempre




digo não por agora -
quero ficar presa
a esta esperança
falida e anulada

fecho-me para não ir
com as mãos estendidas,
escondo o sorriso que concede,
escorrego nos convites

não quero um novo amor,
quero amar novamente


Cáh Morandi

maio 20, 2013

até amanhã



Para nós é isto: esquecer. Encontrar um caminho para que possamos despedir a memória. O que colocaremos em nosso vazio? Substituiremos a ausência pelo que viveremos no futuro. Iremos recompor o passado com o que ainda não vivemos – amaremos ainda. Nos despedimos eternamente todos os dias. Retomamos o cumprimento com a euforia infantil. Nos trapaceamos para não nos acenar. Nós iremos partir, pelo meu, pelo teu, pelo nosso caminho? Me esqueça. Te esqueço. Inutilmente tentamos. Nos guardaremos para amanhã. Vivemos uma infância dentro do amor: fingiremos inocência. 



Cáh Morandi

Boa noite


O amor se embala para dentro da noite. Quase o perdemos de vista. Nosso brilho, nossa escuridão, enquanto acontecemos à meia luz. Anoitecemos para encontrá-lo. Madrugamos para devolvê-lo. Boa noite para nós. Estamos à beira do sonho.

Cáh Morandi

maio 17, 2013

meus olhos para você

Já perdi tantas vezes meus olhos para você e sou capaz de dizer que te amo sempre na intensidade de um amor à primeira vista.

Cáh Morandi

maio 16, 2013

por agora



Neste exato segundo eu te amo. Assim como você é, assim como eu também sou. O que vejo em você é também o que alcança meus olhos limitados. Não desejo o que sei você pode ser, mas te abraço com tuas histórias repletas de desistências. Só não desista de mim. Só não me fira. Só não me abandone por medo - porque é disso que também tenho morrido. Mas sei, amar é também encontrar alegria do que ainda não somos.

Cáh Morandi

maio 13, 2013

só hoje




Anularia todos os teus amores. Tuas mãos nascem dentro de mim, teus pés conhecem apenas meus caminhos. Você ainda não me ama, não sou um grande amor que existe nos poemas. Sou apenas teu desejo mais discreto, destes que não se revelam num olhar ou num sorriso. Sou apenas uma história que você gostaria de contar, algum dia, alguma noite, em alguma cama, para enciumar alguém. Gosta de mim porque não alimento tua insegurança. Comigo a vida não teria tantos medos ou desvios. Me sentiria mal se pudesse te corresponder com a verdade. Me odeio por permanecer para você. Somos culpados. Para quê enumerar tantas desculpas? Não me ame mesmo. Não encontre em mim o que você procura. Por favor, diga que não sou eu. É madrugada. Está frio. Meu corpo no teu, aquecemos, esqueceremos. Se amanhecer iremos nos perder. 


Cáh Morandi

maio 11, 2013

Travessia


Sobre você repouso minha expectativa. Estranho é esperar algo de alguém, não sabemos quem é o outro, não sabemos o que o outro nos despertará a ser. De repente, o teu amor me derrubou barreiras, ampliou minhas fronteiras, enraizou-se em mim. Habitamos no bonito do inimaginável. No inacreditavelmente nosso. Paro em frente ao espelho, meu reflexo é você, sorrimos, temos a sutil certeza de que o amor não chegaria senão fosse pelo caminho que nossas mãos ousaram abrir. O calor da tua palavra tatua o beijo em minha nuca, meus calafrios, nossos terremotos; desabamos para dentro de nós. Soterrados para nos renascer. O abismo já não é para nós o medo, mas o outro lado da nossa esperança. Atravessamos a escuridão, brilhamos em nossos olhos. Despencamos de mãos dadas, invencíveis em nosso sonho. A travessia era um primeiro amor.

Cáh Morandi e Caio Lima

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