novembro 02, 2008
Sair da vida de alguém
não é um caminho que segue
e sim uma estrada de volta:
desmanchar só um lado da cama, um prato
sozinho sobre a mesa, nenhum recado
colado na geladeira, a casa intacta, a louça
se acumulando na pia, madrugadas mais
frias.
Voltar,
até as esperanças ficam
nos retratos que serão recolhidos.
Voltar,
ter a mala vazia e estranhamente
mais pesada.
(Cáh Morandi)
outubro 28, 2008
um beijo, boa noite
Hoje eu queria te levar um beijo de boa noite. Um beijo delicado sobre tua testa, sem nenhuma outra intenção além de te desejar uma boa noite de sono. Nem pedir para estar em teus sonhos, nem pedir para dormir ao teu lado. Queria apenas te ver doce, te ver repousar com todas as inseguranças e perspectivas de um menino, já que a barba será feita somente antes do trabalho, já que os compromissos, por enquanto, estão apenas na agenda, já que o coração está tranqüilo e quase amando uma menina que queria beijar sua testa pelas noites que virão, já que o sono parece uma boa cama para os sonhos que ainda precisam esperar, já que agora o homem pode tirar a máscara e deixar o nu da face iluminar um punhado de estrelas que moram no teto do seu quarto, já que o tempo entre um pensamento e outro é tão rápido e tão milagroso que pode despertar o próximo dia.
.
.
(Cáh Morandi)
outubro 27, 2008
quantas coisas, primaveras,
borboletas no ar, sol,
chuva, continentes,
de repente até o mar,
outubro, outono,
vinis, Paris, aquele céu,
aquele amor, aquela hora,
agora, a madrugada,
e se quiser até a aurora,
a cor que não existe,
a fênix, as sereias que não vi,
os duendes, as fadas,
todos os contos que li,
paisagem, janela,
Guanabara, coração,
verão, apartamento,
avião, dólar, euro.
o que eu não daria
por um momento?
o que eu recusaria
para ter seu pensamento?
o tempo vai passar
e deixa passar com algum sentido
vem passar comigo
a vida, depois, o infinito.
borboletas no ar, sol,
chuva, continentes,
de repente até o mar,
outubro, outono,
vinis, Paris, aquele céu,
aquele amor, aquela hora,
agora, a madrugada,
e se quiser até a aurora,
a cor que não existe,
a fênix, as sereias que não vi,
os duendes, as fadas,
todos os contos que li,
paisagem, janela,
Guanabara, coração,
verão, apartamento,
avião, dólar, euro.
o que eu não daria
por um momento?
o que eu recusaria
para ter seu pensamento?
o tempo vai passar
e deixa passar com algum sentido
vem passar comigo
a vida, depois, o infinito.
(Cáh Morandi)
outubro 22, 2008
outubro 18, 2008
Ilumina-me
o sol reflete direto no seu sorriso
e isso não é certo, isso não é bom
o reflexo bate em mim
fico assim, quase cega
de te procurar, ver você radiar
e você quase vira uma estrela
em plena manhã de sexta-feira
no meu quarto escuro
risos e absurdos
você que brilha,
você que me faz brilhar
isso não é certo,
você sair pelas ruas
andando sem pressa alguma
enquanto fico na loucura
de tanta gente te fitar
você que é tão bonito de olhar
essa multidão que te cerca
mas você é a coisa mais certa
aonde quero chegar
você que apaixona,
você que me faz apaixonar
(Cáh Morandi)
outubro 14, 2008
O beijo e a chave
outubro 11, 2008
É perigoso
Dangerous
O que faz com que as pessoas vejam em mim a delicadeza? Será esse meu rosto claríssimo em contraste com o negro dos cabelos cacheados? A boca desenhada em “forma de coração” pintada como uma tela de um vermelho ardente? Os olhos pequenos, levemente puxados, abraçados pelos longos cílios? As mãos pequenas cuidadas porque quem tem um jardim de palavras? E como pode ser que seja isso que eu transpareça? E essa coisa tão selvagem no meu jeito de olhar ? E esse fogo, coisa que são só dos dragões, que me arde a garganta? E essas garras afiadas, cuidadas, como se não pudessem arranhar, cravar, fazer doer? E essa fera que me revira por dentro, que parece que sangra, que ronda, que me morde, que acorda quando quero dormir? Como pode ninguém perceber esse perigo que sou, esse bicho feminino que anda por aí a solta, revolta, em vez de pêlo, encoberta de pele e malha fina.
(Cáh Morandi)
outubro 07, 2008
Para dias sem esperança
Eu que já não tinha coração
Não tinha olhos de atenção
Nem mãos procurando par
Não tinha nada além da madrugada
Além da certeza exata:
Nunca mais amar.
Quem diria, quem apostaria
No que custo acreditar?
Eu que já não tinha vida
Não tinha casa e nem lar
Eu que caminhava perdida
Cheia de ferida antiga
Que esperança tinha
De sentir o que agora sinto
De não saber nem o que digo
Assim que você acordar...
(Cáh Morandi)
outubro 04, 2008
Sobre a nudez
Estávamos nus um frente ao outro. Não nos sentíamos tímidos ou envergonhados. Estivemos assim, despidos, desde a primeira vez. Aonde nenhuma palavra poderia ser duvidosa, nenhum gesto incerto. Nós possuímos uma verdade absoluta: não queríamos mais nada além de uma possibilidade. De uma chance que nos trouxesse a vida novamente. É bom estar nu na frente de quem se ama, nenhuma máscara finge a feição da face, nenhum pano esconde o que o outro já conhece a dedos e bocas. O corpo tenta esconder a alma, mas a alma também está nua, e dançando, na retina dos olhos.
(Cáh Morandi)
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