julho 19, 2008

Sobre a saudade


Ter do que se lembrar não nos remete a fotografias e vídeos, nem a memória viva da face daqueles que amamos, embora isso possa parecer egoísmo, mas uma saudade forte é ainda poder saber a intensidade de como nos sentimos naquele momento em que tudo isso fez parte de nós; de lembrarmos o nosso arrepio no corpo de quando conhecemos nossos amores que partiram, a forma que nos sentíamos quando os víamos dormir, quando os beijamos, quando fomos quase únicos. Saudade que faz falta é quando nos olhamos ainda na infância, brincando em balanços e parece que o vento nunca parou de nos tocar a face e de levantar nossos cabelos. Então a saudade não está em lembrar... Saudade é ainda poder sentir.



(Cáh Morandi)


julho 17, 2008

Sobre amores e arrepios


- Você já ficou arrepiada?
- Sim. Principalmente quando está frio...
- Já notou que quando a gente tem a sensação de arrepio, surgem na pele inúmeras bolinhas?
- Sim, e junto vem um frio na barriga, né?
- Vem sim. Você sabe quantas vezes eu me apaixonaria por você de novo?
- Nenhuma?
- O mesmo número de bolinhas que surgem na pele de todos os arrepios que existem.
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(Cáh Morandi)

julho 13, 2008

Beijos estrelas




Um beijo não acontece sempre, porque um beijo é algo muito perto do milagre, e milagres demoram para se alcançar. Porque não basta fazer promessa, primeiro se deve acreditar, e isso é fé. O beijo é parecido, porque não é só um lábio no outro, duas línguas se tocando, mas sim quando esse encontro acontece e então a gente sente como se todas as estrelas do céu da nossa boca estivessem caindo e derretendo em nossa garganta. Beijos-milagres-estrelas são como aquelas cadentes que a gente vê raras vezes e que se pode fazer um pedido (os milagres que desejamos) enquanto dura o pequeno espaço de sua existência.




(Cáh Morandi)

julho 10, 2008

Sorriso Intacto




Passam das três da madrugada
Me afundo, são sete, oito oceanos
Nenhum humano resistiria
Eu tento um passo mais largo
Um suspiro mais profundo
O mundo gira, eu solto o ar
No tempo nada se modifica
O retrato ao lado, intacto,
E o mesmo sorriso frio
O desenhado rosto magro
Um gole de café amargo
Os olhos cheios de solidão



(Cáh Morandi)

julho 09, 2008

Recado aos leitores!

Olá queridos, primeiro quero pedir desculpa a todos aqueles que tem me mandado e-mail e me adicionado no orkut, pela demora que estou tendo para respondê-los! Mas prometo que mesmo que demore um pouquinho, responderei todos da forma especial, carinhosa e particular que cada um merece!! Aos que moram em Santa Catarina (litoral), ficarei super feliz em encontrá-los! Logo devo estar em Curitiba e mês que vem em São Paulo! Então... Se quiserem compartilhar um pão de queijo, um cafezinho, um suquinho... estarei presente com certeza.
Quanto ao livro, já respondendo a todos, creio que em breve já estará a disposição para os que tem interesse em adquirir!
Meu e-mail está sempre aberto ao carinho e sugestões de vocês! :)
Beijão,
Cáh Morandi

julho 08, 2008

Sem face




Abre os braços
Me recebe desmoronando,
Desfalecendo;
Me aperte contra teu corpo
E olhe nos meus olhos se apagando;
Contempla em mim
Essa coisa inacabada que sou
Essa beleza que não tenho
Essa frieza que não quero
Esse desespero em desabar;
Me abrace, me aceite
Sobre tuas pernas
Ainda que eu seja
Essa mulher sem face;
Me enlace, me afunde
Nesse gozo que surge
Ainda que eu pareça
Essa fera sem nome


(Cáh Morandi)

julho 07, 2008

Insolúvel

Se pudesse
Parar o tempo
Seria no instante
Que surgiu como vento

Se soubesse
Domar intento
Seria no mirante
Que avistei sentimento


Ah, se eu pudesse
O teu no meu olhar
Aprisionar naquele momento


Ah, se eu soubesse
Como te fazer eternizar
Além de aqui dentro



(Cris de Souza e Cáh Morandi)

julho 06, 2008

O inesperado




Não há mais nada para acontecer
Nada que não seja previsto
Nada que possa surpreender
Não espanta flores nascendo nas calçadas
Não apavora estrelas novas sendo penduradas
Nem o corpo vencendo a física
Nem o cego lendo mímica
Nem a ciência na sua vã experiência e sua cara de
reticências nas coisas que o amor pode fazer...
O mais impossível era esse encontro
Entre tantos desencontros,
Entre tudo que não tinha nada a ver,
Só tinha que ser você para ser inesperado
E agora que venha o que vier
Porque de resto nada além,
Agora o que vem já é esperado




(Cáh Morandi)

julho 05, 2008

Ver no olhar




Eu gosto de ver a vida. Gosto de vê-la acordar e perto de adormecer. Gosto de vê-la desvendar e esconder, mas principalmente gosto de vê-la nos olhos de outro alguém. Vejo ternura nos olhos de minha mãe. Vejo paciência nos olhos do meu pai. Vejo esperança nos olhos de meus irmãos. Vejo doação nos olhos de meus amigos. Nos olhos do meu amor eu vejo a parte de mim que não conheço, vejo o lado amável, afável e amoroso que ao largo do caminho fui deixando, e é ele e esses olhos recheados de todas as estrelas do céu e do mar, que me devolvem a doçura, a candura e a delicadeza que andavam adormecidas.



(Cáh Morandi)

julho 03, 2008

Em tudo




ele não está por perto
é um abraço no deserto
é a solidão me dando um abismo
é puro egoísmo do meu coração
que não compreende
que de mim desprende
e quer voar sem ter asas
te procurando em todas as casas
em todas as coisas
em tudo que tem
em tudo que vai e vem
em tudo que fica
em tudo que chega
em tudo que palpita
em tudo que duvida
que possa te encontrar




(Cáh Morandi)

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