abril 22, 2008

Castelos de Areia



Cortinas de primavera encobrem a janela
que nela veja flores pois que o outono chega
Ao meu redor, tudo é teu nome
e a estação passa tão lenta

Giro no mundo, em tudo eu te vejo
as pétalas que viste ao caminho comigo
Tem o mesmo teor da tua face
Teu beijo...

Há tanto de ti que ainda desejo
e a minha alma suave te quer plenamente
como os sonhos que resistiram ao tempo
cujos passos jamais prescrevem

O que restou do tal paraíso
dos anjos nossos tão belos?
Das longas tardes de risos,
das mãos que em laços se deram?

Os passos se confundem no caminho
são trôpegos ditos de promessas feitas
Os planos são castelos de areia
ilusão de miragem que a paixão alimenta

Cada dia é um dia que espero tua volta
Cada instante mais frio arrefece-me a calma
Dessa alma minha que só sabe ser tua
Desse corpo meu que suspira tua boca
Nessa falta que fazes, gritante e tão louca


Cah Morandi & Serginho Reis

abril 21, 2008

Faz-me tua



Faz-me tua de algum jeito
Me rega e germina
Me vela e nega
Me beija e alucina
Se esfrega,
Me faz feminina
Faz-me tua de algum jeito
Me acorda fera
Me dorme bailarina
Me enfeita de menina
Se entrega,
Me roda à dançarina
Mas faz-me tua de algum jeito



(Cáh Morandi)

abril 20, 2008

Absurdo




Não há mais paisagens
Quando olho para a janela
Não há mais primavera
No concreto tão sisudo

Não há mais roupagens
Quando olho pintura na tela
Não há mais atmosfera
No abstrato tão desnudo

Cantaram na rua outros sons
Vestígios borrados de céus
Paredes se vestiram de véus
Apagando do poente seus tons

Silenciaram nas curvas outras vias
Pela arquitetura pintada de treva
Tetos se matizaram de névoas
Acendendo de ébano as travessias




(Cris Poesia e Cáh Morandi)
.
.

Ao teu pensamento




Me fiz de tempo
E de velocidade
...Para me precaver
Para poder estar
Em qualquer lugar
Se você mudar
De pensamento




(Cáh Morandi)

Suicida





Caminhou calmo até o saguão
Amarrou o amor no teto
Subiu no banco da solidão
Lançou-se ao chão intocável:
Enforcou-se meu pequeno coração!

Laudo:
Morte morrida.
Suicida sem razão.



(Cáh Morandi)

abril 19, 2008

Imprevisão


Nem sempre sou afinada
Requintada no meu riso
Nem sempre sou recatada
Agraciada só se preciso


Nem sempre sou badalada
Emboscada no meu tino
Nem sempre sou temporada
Trovoada só se desatino


Eu vou estar no que desejam os olhares
Assim mulher, assim o que eu quiser
Santa desviada habitando em altares


Eu vou fincar fronteira pelos arredores
Assim fêmea, assim o que eu puder
Diabólica virada habitando em limiares


(Cris Poesia e Cáh Morandi)

abril 18, 2008

Gente que sonha



será que tem gente
que sonha com a gente
antes de acordar?


como se faz
para se estar lá?


será que de noite
enquanto se dorme
tem gente que rouba
nosso corpo e alma
e nos leva inerte
e então nos devolve
antes que a gente desperte?


(Cáh Morandi)

abril 17, 2008

Garras


eu sei, eu não sei amar
por isso te peço tempo
e uma noite para me ensinar
todos os segredos e manhas,
as diversas artimanhas
para nesse jogo entrar
vem, me ajuda a aprender
como faço para me render
da forma que te agrada
vem, me doma e afaga
acalma um pouco das garras
da selvagem que eu sou




(Cáh Morandi)

Adivinha


Sabes
É oriundo
De meu seio
Te vislumbro
A fundo

Sabes
És enfeite
De encanto
Do meu canto
Em deleite

E quando
Chegas de surpresa
Alarga minha chama
Acesa

E quando
Chegas em leveza
Me rende, fazendo tua
Presa


(Cris Poesia e Cáh Morandi)

abril 16, 2008

For every absence, April



(para Andrew, meu amor)


1.
desculpe, mas nem sempre vejo as coisas
não por não querer, não por esquecer
(eu ando pela vida tão cega)
em tudo, tudo que posso é sentir
(então, desculpe se não te vejo, se nem falo
mas em qualquer coisa que fazes... te sinto)
eu sou grande demais para o tempo
e ele não me entende, então de repente
ele me comprime o ar para me suportar
dentro de um dia, e eu fico pequena


2.
tem tantas horas que te reconheço
quando me deparo com o mar lá fora
e se penso que você é o oceano
eu quase pulo e me jogo ao
imaginar teu abraço,
em pensar em tudo que pode
ou poderia ser se estivesses aqui;
beijos que desenhei pra te dar
com estrelas para grudar no céu
de tua boca;
nem sempre o mar, mas sempre você
fica se parecendo com o amor
que mora em mim;

3.
não é o peso da vida que dói
ao contrário: é essa leveza, que se arrasta
e leva a qualquer canto;
não são os dias que não acordo contigo;
não são os filmes que vejo sozinha;
não são as músicas que tocam sem rima;
é te ver como coisa de amor
tão longe que não parece minha;
vivo descobrindo que te amo,
quando a saudade arde e eu grito;
quando teu nome é manchete nos jornais;
quando o amor nos poemas repito;
quando me falta um segundo de paz;




(Cáh Morandi)

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