abril 03, 2008

tinha que ver




ah, eu desconfiei
juro que não acreditei
que eu ia me apaixonar
assim de cara
pela tua cara
por isso tudo
que era você

quem ia dizer
da gente se encontrar
disso acontecer
você tinha que ver
a hora que me fitou
quando se apaixonou
quando a gente se fez

(Cáh Morandi)

e se eu tiver morrendo
desaparecendo, assim
feito fim de dia?

Vê se vai lembrar
de pensar em mim
um pouco por assim
das coisas que eu fazia

não esquece a geladeira aberta
nem as louças sobre na pia
recorda de como eu sorria
apesar da vida ser incerta

e assim eu vou arranjar um jeito
de viver só pra ti para sempre
aparecer para me dar de presente
ser um amor que não se esquece

(Cáh Morandi)

abril 02, 2008

Spinning in me



só por um momento eu desejei fechar meus olhos
em tantas voltas que o mundo fez para mim
(por um segundo eu quis estar mais perto)
senti vontade de estar por dentro das memórias
e de nunca mais tê-las que abandonar por um futuro;
o que a gente sente, o que a gente foi
nunca deveriam nos deixar
há uma dor enorme em ter sido... em ter feito...
em se ter sentido...
e nunca mais retornar a tudo isso


são quase onze horas da manhã
as pessoas estão sempre em silêncio
eu escrevo, olho o céu, penso
e cada nova palavra é um desafio
que depois de terminada já se torna
parte de tudo que não poderei ter de novo;
nem todos os dias de outono são quentes como hoje
e é isso, talvez, que tenha me aquecido as lembranças ternas


ter do que se lembrar não nos remete a fotografias e vídeos
nem a memória viva da face daqueles que amamos
embora isso possa parecer egoísmo,
mas uma saudade forte, é ainda poder saber
a intensidade de como nos sentimos naquele momento
em que tudo isso fez parte de nós;
de lembrarmos o nosso arrepio no corpo de quando
conhecemos nossos amores que partiram;
a forma que nos sentíamos quando os víamos dormir,
quando os beijamos, quando fomos quase únicos;
saudade que faz falta é quando nos olhamos ainda
na infância, brincando em balanços e parece que o vento
nunca parou de tocar a face e de levantar nossos cabelos;
então a saudade não está em lembrar...
saudade é ainda poder sentir


(Cáh Morandi)

março 30, 2008

Santuário



Me leva a um amor profundo
sem destinatário


Me leva a outro mundo
de desconhecido itinerário


Me leva num segundo
onde o nosso amor é santuário.

.


(Cáh Morandi/Emil/Pedro/Cesar e Augusta)


março 29, 2008

O que resta, amor?


Vem comigo para onde não sei que vou
Esquece dos bilhetes no espelho
Eu sou o mesmo do primeiro beijo
Que hoje de manhã você roubou

Que sacanagem, como a vida acontece
Mas vê se não desaparece como tudo em mim
Saiba que tudo antes de ti era companhia ruim
E não diga que esquece vai, ninguém merece

Não vista as roupas com a mesma pressa
Se o que (de verdade) interessa está por vir
Seus olhos gritam, você vai ter que convir
Que não é esse único adeus que nos resta

Eu me lembro quando te vi, como me senti
Como você me fez mudar todos os meus planos
E eu, determinado lhe entregar meus futuros anos
Ouço mudo, sua teoria de viva a vida, será que perdi?


E se eu quiser mais de nós dois
Agora, para sempre e depois?
Abraço o clichê chato
De Louco apaixonado?



(Cáh Morandi e Henrique Bastos)

março 27, 2008

Das insignificâncias da vida




Bastava o perfume que os cabelos deixavam nos travesseiros
E aquele beijo trocado em plena tarde de uma segunda feira agitada
Bastava aquela conversa sobre um assunto sem nexo no café da manhã
E as gargalhadas do ser amado vendo TV em plena madrugada
Bastava estarem abraçados e ainda deitados num dia preguiçoso
E implicarem antes de um passeio por causa de uma saia minúscula
Bastava mesmo que fosse uma briguinha antes de começar o dia
E você ficar pensando o dia todo em alguma forma de reconciliação
Bastava que ele chegasse, mesmo esquecendo das compras da semana
E que ela te perguntasse a cada minuto se você a amava


(...)São nessas pequenas horas que se descobre ter sido feliz,
Mas isso é coisa que demora uma vida toda para se perceber



( Cáh Morandi )

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março 26, 2008

Fortaleza


eu não quero perder nada
dos meus erros e acertos
é com muito tropeços
que se aprende a ser grande;
que em muito há de ser tolerante
que a fé sozinha não é o bastante;
quero passa por tudo, em tudo
aprendendo de todos;
calando mais meus impulsos
escutando mais de meu Deus;
porque daí eu eu sei
que eu vou estar pronta
e que amadurecer não é somente
uma questão se ter sorte,
que embora assim pequena
eu vou ter aprendido a ser forte


(Cáh Morandi)

Penso tanto!




Eu procuro me manter distraída
Versos, sonhos, a toda hora: poesia!
E meus passos rápidos pelas avenidas
Vão sempre calmos nos caminhos da vida
E eu te olho, (re)olho, depois eu penso:
Penso em quantas formas te posso pensar
Eu danço no meio do destino
Vendo se ele consegue me pegar
Deslizo, escapo, sou pássaro no ar
E eu te desejo amar tanto
Mais do que qualquer humano
Já ousou amar
Eu procuro me manter distraída
Pra de vez em quando não lembrar
De tanto sentimento que carrego
E que deposito em teu olhar



( Cáh Morandi )


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março 25, 2008

In(corpus)


Existem muitos corpos
E há um que dia desses
Vais encontrar nu em tua cama;
Podes deixá-lo ali, podes usá-lo,
Podes o dares adeus mais tarde;
Mas se tu pegares esse corpo
E amá-lo
Ele nunca mais será somente
Um corpo


(Cáh Morandi)

Sobretudo no nada




1.
e hoje tudo voltou a dormir dentro de mim
como sempre acontece depois do tempo
em que a paixão avassaladora esfria;
tudo morre, e é somente inicio do outono
mil pétalas de mim espalhadas, arrastadas
em terras que nem ainda tem nome


2.
o silêncio é sempre o que diz tudo
nisso tudo em que a tristeza são cacos
dos vidros espalhados para os pés nus;
o mundo é só o mundo para o que vejo
a menina dentro de mim descansa
e eu sei, ela não vai mais despertar


3.
então a menina que não mais vivia
ainda estava vestida com roupas de festas
e na face o sorriso sumia por tanta espera;
não mais se fazem esperanças como antes
e foi falta de fé ou foi ausência de crença
que nos toma as crianças que nos habitavam


4.
que saibas que eu não pude contra tanta falta
que noites seguidas o frio me abraçou
e eu fraca, indefesa me rendi a esse alento;
abracei tanta ausência de tudo que estava perto
sem fome, sem nome, sem uma lembrança
fui apagando nos retratos e fotografias;


5.
tomei o café amargo de pó e de lágrima
vesti o sobretudo preto sobre o nada
e quem dera que a espera valesse
ao menos o perfume que foi gasto;
quem dera que os amores durassem
a tempo de todos os sonhos cometidos;



(Cáh Morandi)

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