
eu estava no chuveiro
dando banho na alma
doce e calma
molhando os pensamentos;
daí veio uma poesia
que eu declamava
e formava bebendo
a água que escorria;
era uma poesia linda;
era minha melhor poesia;
tinha a rima incerta
e a dose certa
entre o amor e alegria;
Sai do banheiro
na expectativa
de colocá-la no papel,
mas não consegui;
nunca mais encontrei
aquelas palavras certas...
e me bateu uma tristeza
de deixar morrer aquela
poesia que foi tão bonita,
que foi tão minha e tão lavada;
sosseguei, mas demorou para
entender... dessas poesias
que só nascem e somem
a tempo de serem sentidas.
.
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(Cáh Morandi)