fevereiro 03, 2008

Depois da uma




avançou a noite e já passou da uma da manhã
e vi sua fotografia, seu sorriso no retrato,
mundo torto, nada absolutamente exato,
conto os passos, ando todo o quarto,
troco a camisola e deito nua,
na cama que é vazia de ti...

não durmo,
fico entre pensamentos...
porque se mesmo você sendo meu
o tempo inteiro fico sentindo tua falta
confesso a verdade: esse amor me mata,
como se meu coração quisesse ser sempre teu




[ Cáh Morandi ]

fevereiro 02, 2008

Fuja



Não procure. Esse é o segredo!
Vai desviando, vai evitando,
Tente ir fugindo por todos
Os caminhos possíveis
(e impossíveis...)
Tarda, não falha!
O amor anda por aí
Querendo te encontrar...



[ Cáh Morandi ]

fevereiro 01, 2008

(tu)as mãos



“(...) mas numa estrada como é a vida,
há uma coisa incompreendida...”

(Fernando Pessoa)



quando pousaste a mão
sobre meu peito
com amor
ou por um ato
de costume



ali,
quando me arrancaste
com a mesma mão
toda minha respiração



aqui,
quando puseste
com tua serena mão
algo de ti


alguma coisa
inexplicável
como uma poesia
que nunca começa
ou termina,
ficou fluindo
como uma fonte
e se eternizando
na brevidade
da vida.



[ Cáh Morandi ]

janeiro 31, 2008

Lembre de lembrar


(Para meu Andrew)


se não tiver nada em que pensar
pense em lembrar naquele jardim
aonde plantamos nossos segredos
lá, aonde nossos amores dão-se as mãos
respiram o leve perfume de brisa
e se pintam de um amarelo sol poente
lembre: que nem toda gente pode ser
um milagre como somos eu e você


[ Cáh Morandi ]

Por causa...



Respiro fundo. Experimento. Re-experimento. O beijo. Nada mais que um beijo. Tremo. Desabo. Desfaleço. Aquele riso trai meu bom senso. Enlouqueço. Me permito. Desatino. E me dou. E me entrego. De corpo. De alma. E de repente. Estou morrendo. Estou vivendo. E se for amor? Se tudo isso foi só um beijo...



[ Cáh Morandi ]

janeiro 30, 2008

O que a gente é



(2)


A gente nunca é como quer! No fundo é gente um bocado de tudo que a gente já passou, de tudo que a gente já errou e aprendeu. Vai lá, dizer que não sabes quantos tapas que a vida já te deu!? De quanto a gente andou com calma, e quantos dias o tempo correu! Eu sei que sou hoje as decisões que tive que tomar a muito tempo atrás: entre fazer ou não, entre ir ou ficar, entre ter medo ou arriscar, entre viver ou ficar a sonhar. Também sou os conselhos que ganhei, os dias em que sentei e chorei, os amores que me deixaram... e principalmente os amores que deixei. Meu coração tem muito dos dias de chuva em que me molhei, tem lugares que passei, tem os sonhos que nunca realizei. Por um instante gostaria de ser quem eu realmente gostaria, e acho que todo mundo gostaria de poder ser assim também, mas depois eu vejo que podem achar ser loucura, pois ninguém tem tanta gana de viver tanto! Que ser humano, em sã consciência, viveria tudo que imagina ? É triste, como a grande maioria das verdades. E a verdade que é bonita, parece ser esquisita nesse mundão a fora. Todo mundo anda olhando pro lado, mas vez em quando eu ouso ir olhando pro céu. Catando nuvens. Desenhando figuras. Procurando Deus.



( Cáh Morandi )

janeiro 29, 2008

*




de novo vai acabar o dia
e me entristece sempre a mesma coisa:
as horas que não me comportam,
minha mania de ser maior que o tempo.





[ Cáh Morandi ]

Assim te trago



Como o mar sustenta a grandeza do céu,
Suas estrelas, seus sóis e seus tons;
Como a flor da primavera nas mãos
Pequenas e delicadas de uma criança;
Como a brasa queimando ardente
Absorvendo o calor, entregando-se em chamas;
Como todas as coisas que podem ser
Levíssimas e instantaneamente eternas...
Como todas as delicadezas existentes
Que mudam, tocam e transformam...
Como toda chuva que germina a terra
E se banha em sua própria água.
Assim eu te seguro, assim eu te trago,
Dessa forma que te amo...
Como se permanecesse ligada a teus lábios
Pelo mel corrosivo de meus lábios;
Como estivesse morando em teus olhos
Na estrutura inconstante de meus olhos;
Como se segurasse o teu coração
Entre as mãos do meu coração.



[ Cáh Morandi ]



A vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida de uma flor.



(José Saramago)

janeiro 28, 2008

Um corpo só



No frio durmo abraçada
as tuas lembranças

camisola saudosa
colorida do teu cheiro

lençóis úmidos
dos teus beijos

cobrindo-me
das palavras
que ficaram no tempo
onde estivemos

fico mergulhada na cama
de estrelas cadentes pratas
onde por falha do amor
um corpo sonha só.




[ Cáh Morandi ]