Um ponto de interrogação enorme
Ficou pulsando no livro de memórias
Justo na parte de minha história
Onde eu encontrava o amor.
[ Cáh Morandi ]
O bater das asas de uma borboleta
Fazem com que o mundo gire,
Vinte quatro horas, volta completa,
Dançarino azul na escura imensidão
De constelação de astros e estrelas no infinito,
Mas, por vezes, esse seu sorriso
Prende o tempo numa redoma de
Puro encantamento e beleza
(Borboletas descansam
E pousam nos grãos de areia)
O mundo pára por um único segundo
Enquanto você sorri, e eu me pergunto:
- Que mistério pode ser tão profundo?
Mais do que o mais fundo do mar!
- Que mistério pode ser tão impossível de tocar?
Mais do que as nuvens no céu das nuvens!
Capaz de cometer esse absurdo
[parar o mundo!]
Só porque você sorri!
Quando não me escutas,
Outra poesia muda
Cega e deserta
Fica vagando
Em meu pensamento
Procurando o verbo
Certo, com nexo,
Para voltar a te falar,
Mas sempre encontro
A forma exata
Demasiadamente tarde,
E tu já dormes
Sereno entre lençóis,
E fico contando
As paredes sem cor
De todo esse amor
Que juro ser teu.
- Cáh Morandi –
- Cáh Morandi -
Eu repouso em teu peito
Espalho meus cabelos negros
Até as curvas de tua barriga
Fico em silêncio,
Teu coração batendo,
A forma que sugas o ar,
É o falar dos meus anseios;
Eu deito aqui
Porque não sinto medo
E calo, e me entendes
Como se fosse tudo dito
De forma que está tudo escrito
Nos meus olhos pequenos;
Teus dedos, meu amado,
Afagam meus pensamentos,
Desenham meus lábios trêmulos,
Param, me adormecem,
Quando descansam entre meus seios;
- Cáh Morandi –
Trinta dias demoram o milênio inteiro para passar
Renovam-se todas as luas, suas inúmeras faces,
Se eternizam nesse tempo que quer durar
De forma que estrelas brilham menos
O infinito, escuro, fica tão pequeno
Para tantas luzes no céu a naufragar,
Mas quando vier dezembro,
(O quinto dia do amor chegar)
Então tudo fica tão pequeno
O céu, se arruma, sereno,
Deixando o sol raiar para clarear as praias do sul...
É onde Mariscal mora,
(onde eu quero morar)
Estrelas do mar brotam entre as areias,
Cinco pontas, nove dias,
Para o amor habitar.
E quando forem quatorze, todas as juras,
Hão de se prender ao peito
Levando sal e a maresia
Que a nos, se unia,
Nos fim de tarde, sentados,
A escrever poesia...
Que o amor tenha pressa
E não perca tempo entre
As tantas curvas do caminho;
Que ele tenha passos largos
Vontade de chegar em casa
Antes do sol se pôr;
Que o amor não me entristeça
Nem tão pouco desapareça
Sem bater na minha porta;
Que ele seja puro, sagrado,
Molhado dos grandes desejos
Do teu corpo quente, suado.
- Cáh Morandi -