De um sono
Profundo
Belisquei-me
Para ter
Certeza
Uffa...
Respirei!
Era eu
Depois de tempos...
Eu!
Uffa...
De novo
Não era
Amor...
Cáh Morandi
De um sono
Profundo
Belisquei-me
Para ter
Certeza
Uffa...
Respirei!
Era eu
Depois de tempos...
Eu!
Uffa...
De novo
Não era
Amor...
Cáh Morandi
Se eu fosse musicar você,
Começaria pelos olhos e sorriso
E depois dedilharia teu corpo, lendo nota por nota,
Do, ré, mi, faz-me tão feliz!
Seu olhar tem um lindo som de blues,
Daqueles que vêem carregados da alma,
Teu toque, um jazz que a madrugada ia rompendo
Trazendo o sol, e na janela a passarada!
Cântico de negro há uma certa tristeza no ar.
Tua voz tem toda a sinfonia que eu preciso
E que faz eu adormecer em meio a agitação...
Quantas noites minhas mãos se confundiram
E fizeram de teu cabelo harpas que toquei.
Já o seu sorriso...Ah o seu sorriso
É como o som de uma escola de samba
A desfilar na avenida, alegria, um convite, um brinde a vida.
A gargalhada tem partido alto
Poesia, sustenido!
Coro vasto, orquestra em sintonia!
Até seu riso amarelo
Tem uma cadência de samba singelo
Fico a imaginar que mistério há
Entre seu sorriso e seu olhar
Que fazem de ti melodia...
Eu peço um pouco de loucura antes de chegar mais esse fim de semana para que eu não vá a locadora e alugue centenas de filmes de novo e me embrulhe nos cobertores torcendo para que horas tão lentas se apressem em direção da segunda-feira. Um pouco de loucura para eu tirar o carro da garagem e pegar estrada a noite inteira só para ver o mar azul daquela praia quase que deserta no fim do litoral. Um pouco de loucura para soltar meus cabelos e procurar no guarda-roupa aquele sobretudo preto que comprei no Chile mas que nunca usei, esperando algum dia bom para colocá-lo. Um pouco de loucura para me perder mais algumas horas me maquiando no espelho e me sentir bem, mesmo que seja para sentar de moletom na varanda, mesmo que seja para colocar a camisola e ir para cama. Um pouco de loucura, uma boa dose dela se hoje alguém puder me dar... Dispo-me da candura, da leveza, da lucidez e suplico loucura. Suplico ver-te outra vez...
(Cáh Morandi)
Hoje eu andava no centro pela manhã, apressada, óculos escuro na cara, salto bem afiado, cachecol cuidadosamente colocado e um vento que chegava a ser cortante de frio. Deixei meu pensamento escapar e reler um pouco de minha alma, e então, num rápido fragmento de tempo, me deparei em saber o quanto sou rica. Sim, rica de verdade: um bom trabalho, uma família linda, bons amigos, algumas viagens, saúde em dia, inspiração para poesia e suspirei feliz, em paz, uma leve sensação de que está tudo bem. Vai lá, não tenho muito dinheiro, mas o que vem primeiro são essas coisas que alegram o coração da gente. Fiquei pensando nisso o dia todo, e observei que só uma coisinha me falta, uma que faria toda diferença: o amor do homem que amo! Putz, seria sorte demais. Melhor que ganhar na loteria!
(Cáh Morandi)
Pouco importa
Agora para onde vais
Ficarei no mesmo lugar
E te amarei livre,
Com meu pensamento,
Com meu corpo,
E com minha alma,
Num tempo sem fim,
Numa imensidade infinita
Aprenderás longe de mim
Que o amor não parte
Junto com ausência do outro
Mas será tarde,
Tão tarde como esse poema...
Te amarei livre!
Te amarei como meu!
Te amarei como a mim!
Com o mesmo amor
De cada palavra
Que aqui escrevo
E me despeço,
E te beijo,
E te deixo...
(Cáh Morandi)
Sentei entre as folhas secas
No último dia de outono desse ano
O vento beijou meus cachos
E a tarde adormecia em meu peito
Escrevi uma poesia na terra
E disso brotou uma árvore
Que a medida que crescia
Me envolvia, me penetrava
E só parou no exato instante
Que me senti completamente
Plantada junto com suas raízes
Permaneci com ela algumas estações
Dei-lhe um nome na primavera
E chamei-a de Saudade
Voltarei hoje ao jardim antes que escureça
Me abraçarei a ela novamente
Cavarei a terra, me colocarei lá dentro,
E hei de ser também parte da árvore
E me plantarei e enraizarei de novo
Até que eu me torne toda Saudade
E quando passeares no parque
Ao lado do teu novo amor
Descanse na sombra desses galhos
E se cair em tua boca uma gota de orvalho
Não estranhe que carregue o meu sabor.
(Cáh Morandi)