julho 29, 2007

Percepção


Hoje eu andava no centro pela manhã, apressada, óculos escuro na cara, salto bem afiado, cachecol cuidadosamente colocado e um vento que chegava a ser cortante de frio. Deixei meu pensamento escapar e reler um pouco de minha alma, e então, num rápido fragmento de tempo, me deparei em saber o quanto sou rica. Sim, rica de verdade: um bom trabalho, uma família linda, bons amigos, algumas viagens, saúde em dia, inspiração para poesia e suspirei feliz, em paz, uma leve sensação de que está tudo bem. Vai lá, não tenho muito dinheiro, mas o que vem primeiro são essas coisas que alegram o coração da gente. Fiquei pensando nisso o dia todo, e observei que só uma coisinha me falta, uma que faria toda diferença: o amor do homem que amo! Putz, seria sorte demais. Melhor que ganhar na loteria!

(Cáh Morandi)

julho 27, 2007

Amor livre


Pouco importa
Agora para onde vais
Ficarei no mesmo lugar
E te amarei livre,
Com meu pensamento,
Com meu corpo,
E com minha alma,
Num tempo sem fim,
Numa imensidade infinita
Aprenderás longe de mim
Que o amor não parte
Junto com ausência do outro
Mas será tarde,
Tão tarde como esse poema...
Te amarei livre!
Te amarei como meu!
Te amarei como a mim!
Com o mesmo amor
De cada palavra
Que aqui escrevo
E me despeço,
E te beijo,
E te deixo...


(Cáh Morandi)

julho 26, 2007

Estrelas da Manhã



A noite
Acaba nos deixar
E pelo vidro da janela
Surge a luz ainda tímida


A noite
Acaba de nos deixar
Meu bem, você vem e
Me convida para ver estrelas.

(Cáh Morandi)

julho 25, 2007

Árvorec[eu]


Sentei entre as folhas secas
No último dia de outono desse ano
O vento beijou meus cachos
E a tarde adormecia em meu peito
Escrevi uma poesia na terra
E disso brotou uma árvore
Que a medida que crescia
Me envolvia, me penetrava
E só parou no exato instante
Que me senti completamente
Plantada junto com suas raízes
Permaneci com ela algumas estações
Dei-lhe um nome na primavera
E chamei-a de Saudade
Voltarei hoje ao jardim antes que escureça
Me abraçarei a ela novamente
Cavarei a terra, me colocarei lá dentro,
E hei de ser também parte da árvore
E me plantarei e enraizarei de novo
Até que eu me torne toda Saudade
E quando passeares no parque
Ao lado do teu novo amor
Descanse na sombra desses galhos
E se cair em tua boca uma gota de orvalho
Não estranhe que carregue o meu sabor.

(Cáh Morandi)

julho 24, 2007

Alto Coração

Foto: Cáh Morandi
Se eu pudesse
Queria ser mais alta
Só para ter o coração
Mais perto do céu
Para que lá de cima
Ele veja o mundo
E se divirta
Pulando nuvens
De repente
Ele tenha sorte
E se depare
Com um coração
Que também
Sonhou, subiu
E habitou no alto
Dar-se-ão as mãos
E subirão então
Até a eternidade
E se perderão
No azul celeste
De onde o mundo parece
Um pequeno grão de areia.

(Cáh Morandi)

Teu Riso II


Eu fico a espera do teu sorriso,
Que nem percebo o quanto te olho,
Eu fico ali imaginando como ele vai se abrir.
Teu riso tem algo de celeste
Que me domina, que brilha,
Que ilumina o sol no céu.


A ansiedade me inunda , me deixa boba
esqueço até de olhar o mundo...
Doce é esperar teu singular sorriso.
Ah! Esse riso pintado de azul carinho.
Tão sapeca que arrepia, inflama,
Fico terna, sei que me amas!


[ M. Lia Maia & Cáh Morandi ]

A[dorme]cida

Eu buscava o sono
Na noite em que
Só havia estrelas acordadas.
Depois não sei
Se dormi e sonhei
Ou se foi de verdade,
Mas senti
Que teus dedos
Percorriam minhas costas
E que brincavas
De criar borboletas sobre a pele.
Depois pousavas as mãos
Na minha cintura e
Dizias que eu era tua,
Dizias: “Descansa, coração...”
Me esquentou na sutileza
De abraçar meu corpo adormecido,
Eu pedi, sussurrando baixinho:
“Se perca hoje comigo...
E me leva contigo para
Debaixo do cobertor.”

(Cáh Morandi)
Curitiba – 20.07.07.

Branca possibilidade


Saí do banho quente
Sem me secar
Enrolei-me com a toalha
Caminhei o corredor
Sem me importar
Com as marcas
Que água deixava o chão
Invadia o apartamento
O perfume de erva doce
Impregnados em meus cabelos
Pouco importava que fosse frio
Meu corpo estava quente
Debrucei-me na varanda
E fiquei namorando o mar
Na branca possibilidade
Deito-me sobre o chão
Como se fizesse um pedido
Para que o vento levasse meu cheiro
Atravessando a distância do tempo
E que ele fosse se agarrando, se tatuando
No travesseiro em que tu dormes...



(Cáh Morandi)

julho 20, 2007

Amor maiúsculo



Eu não vou contar nenhum absurdo, somente algumas particularidades que tomaram conta do meu pensamento durante toda a tarde. É estranha a mania que eu tenho de ater-me aos detalhes, de fazer grandiosas as coisas mais pequenas que passamos juntos. Com o passar dos dias, tenho esquecido teu rosto e me pego então, desesperada, em busca de uma foto, de um vídeo, de uma carta onde eu possa te encontrar e fazer de conta que te tenho por perto e quando volto a mim, me pego beijando o vento... é, quanto tempo! Sinto falta da maneira que me acordavas, te lembras? Eu lembro! Detalhadamente...
Eu sinto! Saudosamente! Teve vezes em que eu fingia que dormia e ficava na ansiosa espera de que tuas mãos chegassem para me despertar. Eu gostava também dos travesseiros de papo de ganso onde tu me deitavas para me amar, do cheiro que nós deixávamos espalhado pelo quarto e dos desenhos que ficavam estampados no lençol desarrumado. Podem ser só detalhes, minúsculos, ou só uma forma de lembrar de um amor tão grande, MAIÚSCULO.

(Cáh Morandi)

[C]alma



Trouxeste
o crepúsculo
em teus olhos
in tensos
e terno
momento no tempo

e um cheiro
de mar esia
invadia teus cabelos
negros
finos
deitados no re lento

quanta poesia
caberia
na rima in finita
e la tente
que habita
no templo
de tua [c]alma.


(Cáh Morandi)