julho 04, 2007

Escrever de Poetisa



Eu escrevo sem mãos
Sem cabeça, sem pernas,
Sem corpo nenhum.
Eu escrevo
Sem rima, sem gramática,
Sem conotação.

Eu só escrevo com a alma,
Com o invisível coração
Que nela carrego.


( Cáh Morandi )

Que céu é esse ?

Eu quero é descobrir
Que lugar fica o paraíso
Onde vivem os amores
Que se cumprem
Descobrir esse céu
Que moram os corações
Que morrem
De tanto amar.

( Cáh Morandi )

julho 03, 2007

Vai



Mesmo sendo cedo
- vai, vai, vai
Porque é dia!

A vida sem termos
- vai, vai, vai
Porque és livre.

Antes que me arrependa
- vai, vai, vai
Não perca tempo.

Só pode voltar
Quem um dia
Partiu!

( Cáh Morandi )

Tua voz

Na tua voz tem um segredo
Que só eu consegui revelar.
Tem vezes que falas absurdos,
Mas é diferente o que eu escuto.
Dizes da cor do céu desse dia que tarda
E eu ouço dizeres que amas.

( Cáh Morandi )

Personagens


Sim, eu sou um feitiço
Sou tua bruxa severa e má
Eu sou uma fada
Princesa encantada
Noite enluarada
Beijando o mar
Eu sou a bela que dorme
A velha curandeira
Nobre santa do altar
Eu trago incensos
Eu faço mandinga,
Mas sou teu patuá
A palavra que não tarda
A boca que não cala
Quem prende teu olhar
O amor que negas
A paixão que cega
O cosmo estrelar
A dona da primavera
A própria Cinderela
Teu caminho de voltar.

( Cáh Morandi )





Sob o fio, sob o corpo



E um dia quando eu dormisse
No fio da navalha afiada do teu corpo
Queria render-me sem medo de descansar
Escorre-me sobre o peito a gota de suor duvidosa
Entre as curvas sinuosas de meus seios
Sem saber ao certo até onde pode ser levada

E um dia quando eu dormisse
No fio da navalha afiada do teu corpo
Pudera eu não ter receio de fechar os olhos
Pensando que podes fugir ao meio da noite
Vai que eu sinta frio durante a madrugada
E terei que inventar fogueiras no quarto.

E um dia quando eu dormisse
No fio da navalha afiada do teu corpo
Que minha fragilidade seja mais forte, mais firme
E que se não se desfaça diante da tua rigidez
O amor anda tão próximo do silêncio
Que eu te pediria para fazer silêncio comigo

(Um dia em que dormisse no fio da navalha,
Um dia eu amanhecesse sob o peso de teu corpo)


( Cáh Morandi )

julho 02, 2007

Mais que três palavras


A questão não é só falar: Eu te amo.
Eu só queria explicar que quando eu digo isso (Eu te amo), não são somente três palavras sem nexo ou soando o ar de ser algo tão natural e não profundo. Há muitas coisas por trás dessas letras, muito mais do que comportaria minha própria existência. Quando digo Eu te amo é porque eu lembro de todas as vezes que nos amamos, dos presentes trocados, dos passeios que fizemos, das tardes que conversamos, dos filmes que assistimos, das vezes que você cantava ao meu ouvido, dos nossos banhos, dos nossos planos de salvar o mundo.
Quando digo Eu te amo é porque quero te pedir um pouco mais de carinho, um abraço que dure por um bom tempo, um pouco de paciência com minha pressa, mais calma com tua ansiedade, ou quem sabe somente um eu te amo como resposta.
Quando digo Eu te amo ele vem carregado de coisas nossas, vem cheio de detalhes, repleto de desejos e saudades.
Então quando ouvires eu dizer Eu te amo, pense em todas as possibilidades que essas três palavras podem significar.

Hoje só queria dizer Eu te amo... compreendes o que quero dizer ?


( Cáh Morandi )

junho 29, 2007

Um dia de Julho


Fico tão presa em meus pensamentos
Que às vezes me pareço com a mobília dessa sala
Termino o ultimo gole de café amargo
E afundo-me mais um pouco nessa poltrona.
Tudo em ordem, cada papel em seu lugar
Meu sapato de salto alto é o único atirado perto da mesa
Releio todos os nomes dos livros que estão na estante
E me prendo a cada detalhe do quadro pendurado na parede
Eu cruzo minhas pernas, ajeito meus óculos,
Mas uma vez a cortina me impede de ver o movimento lá fora
Eu teria uma vida de paz e descanso em dias como esses
Até ficaria alegre de chegar cansada depois do trabalho,
Mas em tudo que tenho feito, cada lugar que tenho ido,
Ou mesmo nesse cômodo agora, há um espaço para tua ausência
Eu já devia ter me acostumado com o quarto organizado
E saber que ninguém vai reclamar se eu ficar horas na janela.
Não sei se eu escrevo para não aparecer na porta de tua nova casa,
Ou para contar quantas vezes no dia eu morro de saudades.

( Cáh Morandi )

junho 28, 2007

Meu poeta que não escreve



Disse-me meu poeta que não escreve:
Tem gosto de paz o amor feito contigo
O teu desenho é de uma deusa posta sobre meu corpo,
Fazes sonhar e agora és tão palpável e humana
Parecendo uma menina querendo adormecer em meus braços
Distante da mulher que há pouco desfez o lençol de minha cama.
Tuas palavras me emudecem quando leio,
Mas te ter é quase impossível não confundir com poesia.
Tão velho eu, tão longe de você minha pequena
Procurando quem me torno quando estou ai dentro de ti.
Eu vou ter vontade de te segurar antes de embarcar naquele vôo
E não sei se é certo deixar-te ali levando tudo teu em mim.

(...)
Não deixou eu falar nada. Beijou-me a testa. Abraçou-me e dormiu.

( Cáh Morandi )

As suinãs - Miro Martins e Cáh Morandi



As suinãs estão florindo avermelhando
Essa tarde de final de outono e eu...
Sinto ânsias que me confundem
Pois ainda não aprendi as conter.
Tenho ímpetos precisosque não consigo deter.
Uma pressa indomávelem fazer e desfazer.
Desejos, que na verdade,
Deveria perder a tarde para rever.
Eles vêm sei lá de onde
E no fundo, não quero nem saber.
Imagino saber fórmulas, mas na verdade
Até hoje não consegui aprender.
Tento colocar as coisas em lugares
Onde sei que não irão caber.
Escrevo poemas apaixonados
Pra quem talvez nunca venha os ler.
Crio expectativas sobre o que nem sei se poderei viver...

As suinãs devem saber que não é primavera
Mas vai ver não precisa dela para aflorar...
Tem horas que as estações me confundem
Parece ser verão, mas pela janela vejo nevar.
Meu instinto tem vontades tão vorazes
Que se eu não tivesse calma, não saberia controlar.
Minhas vontades são tão pecadoras
Que não tem desculpa inocente para inventar.
Precisaria de pouca coisa para me satisfazer
Um dia de sol, mãos dadas, e uma grama verde para caminhar.
Eu só queria que alguém entendesse
Que além do corpo, a alma vem em primeiro lugar.
Eu imagino o céu azul como era na minha infância
Pena que não tenho mais a mesma vontade de voar.
Já pensou se a gente pudesse qualquer coisa, a qualquer hora
E se mais do que a nossa casa, poderíamos em qualquer lugar?
Sou uma poetisa que escreve das coisas nobres,
E tem vezes que sou tão pobre que nem sei nem rimar.
Saiba que também imagino ter uma boa companhia
Mas terei que esperar o dia que tarda... para me apaixonar.

Miro Martins e Cáh Morandi