junho 25, 2007

Um pedido para ficar

Desfez meu corpo seguro
Com o vento da sua boca
Soprado em minha nuca.
Mais do que ninguém na vida
Conheces todo o meu contorno
Parecem sido feitos por tuas mãos.
Fizeste dos dias que passei
Caminho repleto de diamantes
És amado, meu amante, de meus versos.
Agora sei que há dias largos
Em que sol não se põe no tão longe
Mas descansa dentro de nós.
Sabes aquele fio aquarela no horizonte?
Quando não estás por perto é lá que moro
Porque foi onde me puseste certa manhã.
Guardes bem a chave que sela teu coração
Eu já pulei a janela que atravessa tua alma
Se pedes e posso: agora quero ficar aqui.

( Cáh Morandi )

junho 22, 2007

Das insignificâncias da vida



Bastava o perfume que os cabelos deixavam nos travesseiros
E aquele beijo trocado em plena tarde de uma segunda feira agitada.
Bastava aquela conversa sobre um assunto sem nexo no café da manhã
E as gargalhadas do ser amado vendo TV em plena madrugada.
Bastava estar abraçados e ainda deitados num dia preguiçoso
E implicarem antes de um passeio por causa de uma saia minúscula.
Bastava mesmo que fosse uma briguinha antes de começar o dia
E você ficar pensando o dia todo em alguma forma de reconciliação.
Bastava que ele chegasse, mesmo esquecendo das compras da semana
E que ela te perguntasse a cada minuto se você a amava.

(...)
São essas pequenas horas que se descobre ter sido feliz,
Mas isso é coisa que demora uma vida toda para se perceber.

( Cáh Morandi )

Em tempo



Eu não devia perguntar, mas...
Pensas também naquela tarde?
Não, não diga nada!
Eu sei que pensas...

Eu não devia responder, mas...
Já não penso com tanta vontade.
Não, não direi nada!
Tu sabes da verdade...

Eu não devia nos castigar, mas...
Que sentido tem o amor que não é nosso?
Não, não falaremos de novo!
Nós sabemos da dor que têm as dúvidas...


( Cáh Morandi )

junho 21, 2007

Versinho


Banho recém tomado
Eu ainda com o ser molhado
E os cabelos cacheados
Exalavam o cheiro da flor do maracujá.
Espalhei pelo corpo o óleo castanhado
No espelho refletia meu contorno gracejado
Hoje eu cometeria um pecado
Estás em tempo de chegar ?


( Cáh )

Se fosse uma escolha

Eu poderia ter gostado de um homem da minha idade, alto, moreno e olhos claros, que mora quase do meu lado e que me trata muito bem. Ou poderia ser aquele cara que me ama, que diz que sou uma princesa, que lê todas as minhas poesias e que me levaria a qualquer lugar do mundo... Mas vai saber porque o coração da gente não obedece, que é justamente quem não deve que ele decide gostar. É logo por quem não te ama (nem nunca vai te amar), que nem te olha, que te ignora e que mora longe... A gente vive amando a pessoa errada, na hora mais errada ainda, mas não quer desistir de acreditar de que poderia ter dado certo... Dizem que sou louca por amar alguém assim tão oposto de mim, não é porque quero, mas vai dizer isso ao meu coração! Vai me pedir para esquecer aqueles beijos todos, do contorno de seu rosto, das poesias que ele me fazia escrever pela manhã. Como esquecer aquele peito onde eu deitava, daqueles braços em que eu me esquentava... da face, do gosto, do perfume, do desenho do corpo do homem que eu amei.

( Cáh Morandi )

junho 20, 2007

Das coisas que me prendem


Pelo menos eu sei o que é ter um coração apertado
Que quase nem respira por carregar tantos sentimentos.
Posso não saber das novidades do novo mundo
Ou de qualquer novo escândalo que está sendo comentado.
Não saber se chove lá em alguma cidade do oriente
Ou se aqui na minha casa está chegando um tufão.
Há coisas que não me prendem ao pensamento
E que posso saber sem tem porque me preocupar.
Me importa saber se teus olhos estão com céus claros
Ou se preciso te levar um guarda-chuva se chover.
Me preocupa se a estrada que andas não esteja esburacada
E se a paisagem vai ser uma pintura se quiseres sentar na sacada.
Não quero que repouses sobre as partículas do relento
Posso virar suave vento para te aconchegar.
Há coisas que prendem meu pensamento,
E que quero saber, porque preciso me preocupar.
Não sei em quanto fechou a bolsa de valores
Até porque meu tesouro está depositado em outro lugar.
Inútil me perguntar da minha conta do banco
Penso que há coisas bem mais valiosas para mim cuidar.
Há coisas que passam a toda hora em meu pensamento
Já bem sei o que sinto, não devo mais me preocupar.

( Cáh Morandi )

Chiii!



Ninguém precisa saber o que fizemos
Ou o porque das nossas roupas amarrotadas.
Deixe que pensem o que quiserem,
Que sintam inveja de ousarmos corrompido o certo,
E que julguem ser errado esse paganismo divino.
Que sejamos loucos a toda hora,
E que me penetres mais fundo que a raiz na terra
E me entres porta a dentro sem pressa de sair.
Depois da madrugada, o sol rompia o dia,
Meus cabelos alvoroçados e com o cheiro da manhã,
Teus lábios carregados com o gosto do romã.
Eu cansando a voz de tanto dizer baixinho:
- Me ama, me ama, me ama...
(Cáh Morandi )

junho 18, 2007

Por falar...


Vês o vento que atravessa a janela do nosso quarto?
Esse espaço alugado para o nosso encontro marcado
É tão estático e frio e foi igual a ele que tornaste,
Tu não me vês mais, da mesma forma que o vento na janela,
Vou embora agora, eu não tenho mais tanto tempo
Para que esperar você voltar ser o homem que eu amei,
... Sinto falta do amor meu, do príncipe, que tu eras.

Um pedaço de nostalgia


  • Cada pessoa pertence a um tempo,
    A um beijo, a um desejo...a uma outra.
    Tudo que somos está preso a aquele instante,
    E isso nos guiará em qualquer destino que sigamos.
    Meu momento é a própria estrada pela qual sigo,
    Pois eu sou toda, a todo tempo, em todo lugar
    A minha loucura, meu devaneio, meu instinto selvagem,
    Minha vontade febril do impossível tocar.
    Compreendo o porquê dessa dor toda se abrigar em mim,
    Estou presa a inúmeras horas, incontáveis lembranças,
    Aos beijos todos, ao passado inteiro que não esqueci.
    Não há sensação mais confusa do que carrego,
    Porque sou o vendaval, a calmaria, a saudade
    E uma eterna viagem ao encontro da face do amor.
    Estou quase aprendendo a suportar o silêncio,
    Que por vezes grita mais alto do que minha voz.

    ( Cáh Morandi )

junho 17, 2007

De(composta)


As calças já não se prendem a minha cintura
E as blusas estão maiores que meus ombros;
Estou receosa por estar sumindo repentinamente,
Sem saber se é essa doença ou essa vontade.
Minhas mãos estão brancas e mais finas que de costume,
Minhas costas agora já se desenham sozinhas.
Meu espírito tem se aproximado do divino
E os olhos já mais se voltam para dentro do que para o mundo.
Primeira vez que estou em dúvida:
Não sei se agora estou vivendo ou
Se na verdade é a quase hora de adeus.
Não sinto medo, mas na ansiosa espera...
Algo está chegando e estou em paz!
Só me compadece ver meu corpo sumir
Mas ainda não tão veloz quanto a poesia.
Ah, essas coisas que a gente não sabe
E por vezes nem gostaria de saber.
Mas vai ficar tudo bem...
Deus gosta muito de mim,
Meu anjo acabou de falar.

( Cáh Morandi )
17/06/2007

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