
Seguro.
Uma luz
Acesa.
Um abrigo
Quente.
Para onde eu corro.
Para onde vou.
Isso se repete.
Isso me apetece.
Eu procuro
A cura
Para tudo isso.
De algo
Sereno.
Que eu não
Tenho.
E que tanto
Preciso.
( Cáh Morandi )
Por questionamentos íntimos da procura da forma
Pelas incertezas do real, pelo concreto sentimento que carrega
Em ser um artista que percebe o mundo com um vasto pensamento
Comportando o universo no peito, e criando novos em sua imaginação
Sentindo um medo, de sentir demais, o que não se sente em calar
Ele morre e surge inúmeras vezes nas palavras, é o próprio encantamento
Dialogando na imensidão da sensação os seus significados envolvidos
Seu destino é de inúmeros caminhos, mas ele não sabe, às vezes, pra onde vai
Ele segue por um caminho que percorre toda a eterna novidade do mundo
Sente demais, e isso creio que dói, porque a sensibilidade é um dom divino nele
Em humanos estímulos, ele retoca os invisíveis subjetivos das razões enaltecidas
Pinta nas poesias as telas desenhadas das cores que brotam no verso profundo
Contorna a magia das palavras conduzindo ao íntimo os seus próprios signos.
O poeta também não sabe pra qual caminho segue, ele só sente, e isso já basta
Sentir é fazer do seu mundo um imenso campo de experimentações interiores
Todo o sentimento poético é um signo querendo encontrar significados
O poeta é aquele que vê o mundo pelas sensações.
Tá vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
Eu só não canto
Porque minha voz é triste pra cantar.
Mas eu tenho asas,
Foram dadas a minha imaginação!
Alço vôo distantes e longínquos
E tem vezes que eu não gostaria de voltar.
Tá vendo passarinho?
Eu também posso voar!
Não é o mesmo céu que teu
Nem a mesma liberdade que tens
Porque ainda sou pequena de espírito
E não tenho ninho pra descansar.
Mas eu sei agora flutuar no espaço
Eu já amei um astro no ar,
Atravessei cada pedaço do mar.
Ta vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
E tu ri e teimas em duvidar
Mas se eu tivesse tempo
( se eu tivesse com o que sonhar )
Levantaria desse lugar que me encontro
E te ensinaria como é mágico
O limite dos céus ultrapassar.
( Cáh Morandi )
Abri a janela essa manhã
Como há tempos eu não fazia.
Meu corpo amassado e recém acordado
Da noite longa e fria que passou.
Envolvida por meu próprio abraço
Caminho passo a passo
Em direção ao vento gelado que vinha.
O sol a pino iluminando o céu,
Nenhuma nuvem atrapalhando o azul.
A rua vazia de qualquer vestígio de gente.
O mar calmo, um dia sereno,
As ondas pequenas na areia batendo.
Sinto uma paz infinita
Que penetrava meu peito inquieto.
Dispo-me de qualquer roupa
Porque aquele sentimento
Era tudo que eu precisava vestir.
Nem frio, nem medo
Pela primeira vez nesse outono.
Abri meus braços, recebi a luz
E fui sentindo abrir em mim uma segunda janela
Que rompia a dimensão do corpo e da alma.
E eu fui me entregando, sem relutar.
E só senti paz,
Depois de muito tempo : A PAZ!
( Cáh Morandi )
Já faz tanto tempo
Eu pouco lembro,
E o que ficou aqui dentro
Não é mais teu.
Já foi o verão
E acabou toda a ilusão
Que invadia meu coração
Desde que tudo terminou.
É claro que eu penso
Recordo com desejo
E sinto falta algumas vezes
Das inúmeras tardes que me amou.
Deito imaginando
A noite vou atravessando
E acordada fico sonhando
Se você tivesse ficado um pouco mais.
( Cáh Morandi )
Mergulhei tantas vezes nas águas de seus olhos rasos,
Eu, que de mim nada sei,
Logo eu que nada mais sinto,
Me deram esse destino pra que siga.
( Esse desejo pulsante de relembrar meu passado. )
Pudera eu ficar quieta, quisera que me deixasse em paz.
E quando quase chego, quase alcanço novo caminho,
Tu me estendes de novo tua mão amante e indecisa
Eu não penso, eu me lanço de volta ao inicio.
Me amas, depois me jogas
E eu tento de novo, inútil!
Mais cedo,
Mais tarde,
Assim que me tocares,
Eu perco de volta os sentidos
Te amo, e volto a ser sozinha.
( Cáh Morandi)