junho 05, 2007

Tudo que eu sou



Imagem triste refletida nessa água,
Meus olhos alegres e brilhantes cansaram.
Tudo foi naquelas horas que não retornam
E do amor que escorregou pelos meus dedos finos
Permanecendo nos lábios gosto amargo que tem a tua ausência.
Você já se olhou e não reconheceu sua própria imagem alguma vez?
Eu sim, e desconfio que eu realmente nunca tenha me visto
A não ser essa primeira impressão que fica
Desses meus traços mal feitos e descontornados.
Eu tenho as demais coisas sob meu domínio e controle:
Minhas flores, meus ofícios, minha arte,
Meus livros, meus chegados, meus caminhos,
Minha casa, meus vestidos, meus destinos.
E por ser uma pessoa a única coisa que me falta
Tudo que sou é um precipício que não finda,
Uma terra árida que não viu brotar nada
E que não espera mais chuva alguma nesse tempo,
Porque da sua própria secura ela chora.

( Cáh Morandi )

junho 04, 2007

Despertar em meu coração teima desesperado - Cris e Cáh




Meus olhos confessam o que meu coração teima em aceitar
De tudo que eu sinto e que é tanto eu me nego admitir
Por uma fresta de descuido entrastes em mim, embaçando minha razão
Despertando algo que há tempos dormia e que acordou com tua doce voz.

Entrastes tão de mansinho e agigantastes em fração de segundos no meu mundo
E eu peço a minha alma pra que ela se acalme, mas ela foge de mim
Arrebatou-me com força tamanha, que ao lembrar tua tez suor me percorre
Te vejo e desejo modelar teu corpo calmamente em minhas mãos macias.

Deslizar por tua pele com movimentos leves e dentro de ti permanecer
Penetrar em tua carne, em teus pensamentos e ser teu sonho mais desejado
Nos enlaçarmos entre sorrisos que ecoam em sensações intensas
Me invade esse delírio tão carnal e ao mesmo tempo divino que sinto e confesso.

Arranca-me suspiros de forma oceânica, em mim flutuas arrebatadoramente
Eu em ti mergulharia de forma profunda e habitaria em teu intimo como tesouro guardado.

( Cris Poesia & Cáh Morandi )

junho 03, 2007

Os Signos Íntimos do Poeta - Febá e Cáh



Por qual caminho segue a alma de um poeta ?
Por questionamentos íntimos da procura da forma
Pelas incertezas do real, pelo concreto sentimento que carrega
Em ser um artista que percebe o mundo com um vasto pensamento
Comportando o universo no peito, e criando novos em sua imaginação
Sentindo um medo, de sentir demais, o que não se sente em calar
Ele morre e surge inúmeras vezes nas palavras, é o próprio encantamento
Dialogando na imensidão da sensação os seus significados envolvidos
Seu destino é de inúmeros caminhos, mas ele não sabe, às vezes, pra onde vai
Ele segue por um caminho que percorre toda a eterna novidade do mundo
Sente demais, e isso creio que dói, porque a sensibilidade é um dom divino nele
Em humanos estímulos, ele retoca os invisíveis subjetivos das razões enaltecidas
Pinta nas poesias as telas desenhadas das cores que brotam no verso profundo
Contorna a magia das palavras conduzindo ao íntimo os seus próprios signos.
O poeta também não sabe pra qual caminho segue, ele só sente, e isso já basta
Sentir é fazer do seu mundo um imenso campo de experimentações interiores
Todo o sentimento poético é um signo querendo encontrar significados
O poeta é aquele que vê o mundo pelas sensações.

( Fernando Febá & Cáh Morandi)

Tá vendo passarinho ?



Tá vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
Eu só não canto
Porque minha voz é triste pra cantar.
Mas eu tenho asas,
Foram dadas a minha imaginação!
Alço vôo distantes e longínquos
E tem vezes que eu não gostaria de voltar.
Tá vendo passarinho?
Eu também posso voar!
Não é o mesmo céu que teu
Nem a mesma liberdade que tens
Porque ainda sou pequena de espírito
E não tenho ninho pra descansar.
Mas eu sei agora flutuar no espaço
Eu já amei um astro no ar,
Atravessei cada pedaço do mar.
Ta vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
E tu ri e teimas em duvidar
Mas se eu tivesse tempo
( se eu tivesse com o que sonhar )
Levantaria desse lugar que me encontro
E te ensinaria como é mágico
O limite dos céus ultrapassar.

( Cáh Morandi )

Segunda Janela



Abri a janela essa manhã
Como há tempos eu não fazia.
Meu corpo amassado e recém acordado
Da noite longa e fria que passou.
Envolvida por meu próprio abraço
Caminho passo a passo
Em direção ao vento gelado que vinha.
O sol a pino iluminando o céu,
Nenhuma nuvem atrapalhando o azul.
A rua vazia de qualquer vestígio de gente.
O mar calmo, um dia sereno,
As ondas pequenas na areia batendo.
Sinto uma paz infinita
Que penetrava meu peito inquieto.
Dispo-me de qualquer roupa
Porque aquele sentimento
Era tudo que eu precisava vestir.
Nem frio, nem medo
Pela primeira vez nesse outono.
Abri meus braços, recebi a luz
E fui sentindo abrir em mim uma segunda janela
Que rompia a dimensão do corpo e da alma.
E eu fui me entregando, sem relutar.
E só senti paz,
Depois de muito tempo : A PAZ!

( Cáh Morandi )

Jogada ao vento VII


Já faz tanto tempo
Eu pouco lembro,
E o que ficou aqui dentro
Não é mais teu.
Já foi o verão
E acabou toda a ilusão
Que invadia meu coração
Desde que tudo terminou.
É claro que eu penso
Recordo com desejo
E sinto falta algumas vezes
Das inúmeras tardes que me amou.
Deito imaginando
A noite vou atravessando
E acordada fico sonhando
Se você tivesse ficado um pouco mais.

( Cáh Morandi )

Tentativa



Eu que me perdi tantas vezes na curvas de seus braços,
Mergulhei tantas vezes nas águas de seus olhos rasos,
Eu, que de mim nada sei,
Logo eu que nada mais sinto,
Me deram esse destino pra que siga.
( Esse desejo pulsante de relembrar meu passado. )
Pudera eu ficar quieta, quisera que me deixasse em paz.
E quando quase chego, quase alcanço novo caminho,
Tu me estendes de novo tua mão amante e indecisa
Eu não penso, eu me lanço de volta ao inicio.
Me amas, depois me jogas
E eu tento de novo, inútil!
Mais cedo,
Mais tarde,
Assim que me tocares,
Eu perco de volta os sentidos
Te amo, e volto a ser sozinha.

( Cáh Morandi)

junho 01, 2007

Estendam-me

Assim que vires um dia de sol
Dê-me um varal por favor!
Preciso me estender,
Secar um pouco minha alma.
Pendurem-me pelo ombro
E esqueçam de mim
Por algumas horas.
Vou fechar meus olhos,
Soltar meus braços rentes ao corpo,
Lançar meu cabelo para cobrirem as costas,
E permanecer até que meus lábios percam meu gosto.
Preciso estender-me longamente e
Evitar esses dias que chovem
E que me sobrecarregam por dentro.

( Cáh Morandi )

Poesia fria


Tenho caminhado como se tivesse algum destino
Mas não tenho pra onde ir certo dias,
Nem tenho casa de alguém que me espere chegar.
Não posso ficar parada, sentada vendo a vida passar
Enrolo-me com meu cachecol de lã barata,
Empurro minhas botas tão forradas de algodão
E sigo reto nessa calçada que acompanha o mar.
Pensando em alguma possível rima,
Contando os segundos que passo sem nele pensar.
Céu cinza, mãos escondidas no bolso do casaco.
Bate essa brisa marítima tão fria e incessante
Olhos negros, pele de neve, lábios ainda rosados.
Estou cansando, minhas pernas estão gelando.
Eu olho pra trás e vejo nada.
De um lado é rua.Do outro é mar.
Na frente nada, nada nem ninguém pra me esperar.
Olho pra cima e é longe demais.
Pra baixo nada é seguro pra mim.
Então eu olho pra dentro
Numa esperança divina de algo encontrar.
E só vejo um abismo imenso,
Onde tão só e calmo
Palpita algo estranhamente vago
Do que um dia foi meu coração.


( Cáh Morandi )

Diálogo III



- Tu viu ?
- Quisera não ter visto!
- Mas foi bonito!!!
- Teus olhos que são inocentes.
- Tens razão, teu coração que é frio.
- Isso é só resultado desse dia gelado.
- Devias te chamar inverno.


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