junho 03, 2007

Tá vendo passarinho ?



Tá vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
Eu só não canto
Porque minha voz é triste pra cantar.
Mas eu tenho asas,
Foram dadas a minha imaginação!
Alço vôo distantes e longínquos
E tem vezes que eu não gostaria de voltar.
Tá vendo passarinho?
Eu também posso voar!
Não é o mesmo céu que teu
Nem a mesma liberdade que tens
Porque ainda sou pequena de espírito
E não tenho ninho pra descansar.
Mas eu sei agora flutuar no espaço
Eu já amei um astro no ar,
Atravessei cada pedaço do mar.
Ta vendo passarinho ?
Eu também posso voar!
E tu ri e teimas em duvidar
Mas se eu tivesse tempo
( se eu tivesse com o que sonhar )
Levantaria desse lugar que me encontro
E te ensinaria como é mágico
O limite dos céus ultrapassar.

( Cáh Morandi )

Segunda Janela



Abri a janela essa manhã
Como há tempos eu não fazia.
Meu corpo amassado e recém acordado
Da noite longa e fria que passou.
Envolvida por meu próprio abraço
Caminho passo a passo
Em direção ao vento gelado que vinha.
O sol a pino iluminando o céu,
Nenhuma nuvem atrapalhando o azul.
A rua vazia de qualquer vestígio de gente.
O mar calmo, um dia sereno,
As ondas pequenas na areia batendo.
Sinto uma paz infinita
Que penetrava meu peito inquieto.
Dispo-me de qualquer roupa
Porque aquele sentimento
Era tudo que eu precisava vestir.
Nem frio, nem medo
Pela primeira vez nesse outono.
Abri meus braços, recebi a luz
E fui sentindo abrir em mim uma segunda janela
Que rompia a dimensão do corpo e da alma.
E eu fui me entregando, sem relutar.
E só senti paz,
Depois de muito tempo : A PAZ!

( Cáh Morandi )

Jogada ao vento VII


Já faz tanto tempo
Eu pouco lembro,
E o que ficou aqui dentro
Não é mais teu.
Já foi o verão
E acabou toda a ilusão
Que invadia meu coração
Desde que tudo terminou.
É claro que eu penso
Recordo com desejo
E sinto falta algumas vezes
Das inúmeras tardes que me amou.
Deito imaginando
A noite vou atravessando
E acordada fico sonhando
Se você tivesse ficado um pouco mais.

( Cáh Morandi )

Tentativa



Eu que me perdi tantas vezes na curvas de seus braços,
Mergulhei tantas vezes nas águas de seus olhos rasos,
Eu, que de mim nada sei,
Logo eu que nada mais sinto,
Me deram esse destino pra que siga.
( Esse desejo pulsante de relembrar meu passado. )
Pudera eu ficar quieta, quisera que me deixasse em paz.
E quando quase chego, quase alcanço novo caminho,
Tu me estendes de novo tua mão amante e indecisa
Eu não penso, eu me lanço de volta ao inicio.
Me amas, depois me jogas
E eu tento de novo, inútil!
Mais cedo,
Mais tarde,
Assim que me tocares,
Eu perco de volta os sentidos
Te amo, e volto a ser sozinha.

( Cáh Morandi)

junho 01, 2007

Estendam-me

Assim que vires um dia de sol
Dê-me um varal por favor!
Preciso me estender,
Secar um pouco minha alma.
Pendurem-me pelo ombro
E esqueçam de mim
Por algumas horas.
Vou fechar meus olhos,
Soltar meus braços rentes ao corpo,
Lançar meu cabelo para cobrirem as costas,
E permanecer até que meus lábios percam meu gosto.
Preciso estender-me longamente e
Evitar esses dias que chovem
E que me sobrecarregam por dentro.

( Cáh Morandi )

Poesia fria


Tenho caminhado como se tivesse algum destino
Mas não tenho pra onde ir certo dias,
Nem tenho casa de alguém que me espere chegar.
Não posso ficar parada, sentada vendo a vida passar
Enrolo-me com meu cachecol de lã barata,
Empurro minhas botas tão forradas de algodão
E sigo reto nessa calçada que acompanha o mar.
Pensando em alguma possível rima,
Contando os segundos que passo sem nele pensar.
Céu cinza, mãos escondidas no bolso do casaco.
Bate essa brisa marítima tão fria e incessante
Olhos negros, pele de neve, lábios ainda rosados.
Estou cansando, minhas pernas estão gelando.
Eu olho pra trás e vejo nada.
De um lado é rua.Do outro é mar.
Na frente nada, nada nem ninguém pra me esperar.
Olho pra cima e é longe demais.
Pra baixo nada é seguro pra mim.
Então eu olho pra dentro
Numa esperança divina de algo encontrar.
E só vejo um abismo imenso,
Onde tão só e calmo
Palpita algo estranhamente vago
Do que um dia foi meu coração.


( Cáh Morandi )

Diálogo III



- Tu viu ?
- Quisera não ter visto!
- Mas foi bonito!!!
- Teus olhos que são inocentes.
- Tens razão, teu coração que é frio.
- Isso é só resultado desse dia gelado.
- Devias te chamar inverno.


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Vem viver



Os amores morrem nos sonhos
Por ali eles fogem do que podem ser.
Amor crescido fica frio,
E com tempo distante.
Porque a gente sonha com quem ama?
Porque a gente não ama e depois sonha junto?
Eu só não quero mais viver na fantasia,
Eu não ter que imaginar teus lábios doces,
Ter que buscar tua imagem todo dia.
Eu não quero mais te sonhar,
Não te quero ver morrer aqui, meu amor.
Vem... vem... vem
Vive teus sonhos ao meu lado.
Todo esse amor é um aprendizado
Da vida que não quiseste ver.
Vem... vem.. vem...
Mesmo que seja um pecado,
Mesmo que seja errado
Eu e você.

Vagos pensamentos de Sicília III

Ela pensava nas possibilidades possíveis, mas principalmente nas impossíveis e improváveis. Esperar pelo que todo mundo espera não valia a pena, o bom era estar pronta para o que ela nunca pensava acontecer: um tombo no meio da rua, um mal estar no meio da tarde, uma chuva naquele fim de semana que planejou acampar na praia, uma batida no carro logo no mês em que não tinha dinheiro, um bom vinho de madrugada sentada num banco de uma praça, as reuniões em cima da hora para assuntos decisivos.O certo era que ela imaginava se preparar para tudo, das pequenas a grandes coisas. Detalhadamente. Minuciosamente. Então havia dias que ela mais planejava do que vivia. E quando ela vivia sempre foi dos planos dos dias anteriores. Não havia motivos pra tanta insegurança. Ninguém está pronto pra tudo o tempo todo. Sempre tem algo novo, algo de diferente. Que triste, penso eu, são os dias dos que não aceitam as surpresas, que não evitam surpreender-se e envolver-se com o inesperado. E daí fiquei pensando no domingo a tarde em que ela deve ter sentado e programado o dia em que seria feliz. Ah, mas mal sabe ela que tem coisas que não tem dia, que não tem hora. Que de repente chega agora, e tem nome de amor.
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maio 27, 2007

Sobre o céu



Quando a gente olha para o céu e o vê amarelar
Parece que foi um beijo que ele recebe do sol
Pra perder o azul celeste e começar a terminar
Cedendo espaço lá em cima pra noite chegar.

Por tempos o céu foi a distração de minha infância
Hoje ele me parece algo de tão vaga lembrança,
Que vontade me dá de colorir lá em cima
Uma poesia que tivesse rima e brilhasse!

( Cáh Morandi )

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