maio 16, 2007
Para onde ias ?
Já pegaste quantos aviões ?
Foram também muitas estradas ?
Me conte, me diga,
Pegaste carona também ?
Quantas madrugadas dirigistes pra qualquer lugar ?
Muitíssimas caminhadas ao longo do mar ?
Quero saber, tenho tempo pra te ouvir falar,
Pulaste muitos abismos se jogando na imensidão ?
Nadaste muitos rios seguindo os cursos que eles dão ?
Vem logo aqui contar,
Quantos quilômetros conseguiste correr ?
Quantos dias a fio sem parar pra comer ?
Já sei porque não vens falar
Quiseste ir pra longe, querendo qualquer caminho percorrer
E mesmo assim não conseguiste desse sentimento se esconder.
Foram muitos desertos atravessados,
Muitos corações despedaçados,
Mas já sabias que não podias me esquecer.
( Cáh Morandi )
Dormindo em mim
maio 15, 2007
Cata- amor
Era divertido segurá-los e esperar que rodassem!
Haviam alguns feitos de várias cores e conforme giravam
Tornavam-se uma bola de aquarela que pairavam no ar.
Depois de cansada deles, jogava num canto até estragarem
E qualquer brincadeira nova parecia mais interessante provar.
Hoje, já adulta, e sem paciência para o vento esperar
Fui até a rua onde se vendem esses artigos com que brinquei
Procurei um cata-amor, mas olhei, olhei, e nada por lá.
O moço da loja riu: “ Isso não tem onde comprar!”
Que triste! Como pode não ter um cata-amor!!?
Se é isso que todo adulto hoje gosta brincar:
Catar amores e depois de usá-los num canto jogar.
Que pena... vou ter que catar amor em outro lugar!
Quase que oração
Penso tanto!
Eu procuro me manter distraída
Versos, sonhos, a toda hora: poesia!
E meus passos rápidos pelas avenidas
Vão sempre calmos nos caminhos da vida.
E eu te olho, (re)olho, depois eu penso:
Penso em quantas formas te posso pensar.
Eu danço no meio do destino
Vendo se ele consegue me pegar.
Deslizo, escapo, sou pássaro no ar.
E eu te desejo amar tanto
Mais do que qualquer humano
Já ousou amar.
Eu procuro me manter distraída
Pra de vez em quando não lembrar
De tanto sentimento que carrego
E que deposito em teu olhar.
( Cáh Morandi )
Sonho recusado
Dessas que andam de salto alto.
Pequenina, minúscula,
Caminhando com a cabeça no ar.
Me transformas-te naquilo que sonhavas
E depois de ver-me pronta, ao teu alcance
Pensou que seria tarde demais sonhar.
...Seria tarde demais me amar.
Eu fico aqui a te esperar em meio ao vento,
Nessas horas que não findam
E eu envelheço mais veloz que o tempo
Na esperança de que se não me queres
Assim jovem, e resplandecendo alegria
Ao menos cansada, envelhecida
Tu me queiras de novo como sonho
E me aceites, amor, em tua vida.
( Cáh Morandi )
maio 13, 2007
Divagando
Jogada ao vento VI
Eu penso
E de tanto enlouqueço
Ver-te passar.
Eu sento
Na beira da calçada
Pra lembrar.
Eu tremo
Só de saber
que chove.
Eu sonho
E por vezes esqueço
Não vais voltar.
Eu oro
E meu amor ateu
Acredita em Deus
Para que possas regressar.
Eu espero
Como se não tivesse pressa
Mais o pensamento não cessa
Em pedir para o tempo passar.
( Cáh Morandi )
Recordação de um almoço
Sentados na mesa a almoçar,
Ele começa, com doçura e
Com verdade a falar :
“ Menina, às vezes eu penso
O que passa por tua cabeça ?
Você só pode ser louca!
Você só pode estar a delirar!
Como podes !
Me diga como podes
Por mim se apaixonar ?”
Serena e sorrindo
Coloquei minhas mãos pequenas
Em seus braços cruzados na mesa
E disse com leveza :
“ Como podes!?
Como podes me perguntar!?
Eu te amo porque te amo!
E na minha cabeça, realmente,
Não tem nada a passar,
Tu sabes que o que por ti carrego
Está no coração a palpitar.”
Ele beijou minha mão.
Depois fez-se um silêncio.
A tarde, ele me beijou.
No outro dia me amou.
Na semana seguinte me deixou.
E hoje eu fiz essa poesia.