maio 13, 2007

Jogada ao vento VI


Eu penso
E de tanto enlouqueço
Ver-te passar.
Eu sento
Na beira da calçada
Pra lembrar.
Eu tremo
Só de saber
que chove.
Eu sonho
E por vezes esqueço
Não vais voltar.
Eu oro
E meu amor ateu
Acredita em Deus
Para que possas regressar.
Eu espero
Como se não tivesse pressa
Mais o pensamento não cessa
Em pedir para o tempo passar.



( Cáh Morandi )

Recordação de um almoço

Sentados na mesa a almoçar,
Ele começa, com doçura e
Com verdade a falar :
“ Menina, às vezes eu penso
O que passa por tua cabeça ?
Você só pode ser louca!
Você só pode estar a delirar!
Como podes !
Me diga como podes
Por mim se apaixonar ?”
Serena e sorrindo
Coloquei minhas mãos pequenas
Em seus braços cruzados na mesa
E disse com leveza :
“ Como podes!?
Como podes me perguntar!?
Eu te amo porque te amo!
E na minha cabeça, realmente,
Não tem nada a passar,
Tu sabes que o que por ti carrego
Está no coração a palpitar.”
Ele beijou minha mão.
Depois fez-se um silêncio.
A tarde, ele me beijou.
No outro dia me amou.
Na semana seguinte me deixou.
E hoje eu fiz essa poesia.

Grito Vasto



De joelhos
Eu olhei para cima
E chovia
E a lágrima
Corria
E eu gritei
Para a imensidão.
Não tinha retorno
Eu sabia que era vão.
Mas eu gritei
Molhada
Tremendo
E de pés no chão.
Corri até a grama
E gritei com tanta gana
Arrebentei o silêncio
Corrompi o espaço
E gritei.
GRITEI!
GRITEI!
GRITEI!
Ensurdecedor e vasto.
Sincero e devasso:
Meu amor por você.


.

.

Para que saibas



E tu fostes
Na imensidão do universo
E no abismo da vida,
O ponto que me segurei
Para não ficar a mercê das horas.
Tu fostes
Como o canto de um pássaro raro
Quando meus ouvidos já se tampavam.
Creias e saibas, tua voz, ainda que falando
É sempre canção para mim.
Tu fostes
O raio de sol a romper a noite fria e calada
Tu agrediste a madrugada e brilhou para mim.
E quando você sorriu, ah Deus meu
Tu eras o próprio sol que me visitava!
Tu fostes
Mais do que um presente divino
Tu e esses teus olhos medrosos de menino
Vieram pra encantar e dar vida
A tudo que em mim dormia.

( Cáh Morandi )

Estrela que era do Céu

Eu vi uma estrela
E o brilho dela era tão fraco no céu
Mesmo assim eu gostava de vê-la.
Certo dia, procurei sem encontrá-la.
Pensei comigo:
“ Ela deve ter ido pra outro lugar,
Pois lá em cima é tudo tão grande
E ela foi em outro canto morar.”
Quando quase desistia de achá-la
Vi lá onde dobra o infinito perto do mar,
Estava a estrela a se soltar,
E era um absurdo, era loucura:
Ela se desprendeu do céu,
Depois girou no ar!
Deus fez errado,
Aquela era uma estrela do céu
Que sonhava ser estrela do mar!

( Cáh Morandi )

maio 11, 2007

Virias



Que frio está esse dia
E ele me fez imaginar,
Que passo a passo virias
Com teus pés descalços
Rindo baixinho,
Com os olhos pedindo carinho
E deitarias teu rosto gelado
Em meu peito quente, meu amado
Para ali dormir e sonhar.

Se envolveria entre minha pernas
Lembrando as noites ternas
Em que se aquecia ao me abraçar.


( Cáh Morandi )

maio 10, 2007

Diálogo II


- Acreditas em Deus ?
- Sim.
- E o que te leva a acreditar ?
- O teu corpo por exemplo, não pode ser só química, não pode ser só humano. Acreditas n’Ele ?
- Eu o vejo sempre.
- Onde ?
- Agora mesmo. Toda divindade está em teus olhos
.
- E é por isso que pensas que ele existe ?
- É por isso que sei que ele existe.


( Cáh Morandi )

Diálogo I


- Quando dormes com que sonhas ?
- Contigo.
- (Penso)Hm... deve ser doce!
- Sonhar ? Nunca fizeste ?
- Não. Gosto de ficar acordada vendo teus olhos dormirem. É lindo ver-te sonhar.


( Cáh Morandi)

Momento Pérola.

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Já pensou ?
Se o Chile fosse no Oriente
E a China no Ocidente ?
Seria uma loucura certamente
Imagina, Renatinho, que idéia da gente!!
Mas você já pensou ?
E se fosse tudo diferente ?
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Resposta de Renatinho:

Seria como a gente:
tudo sorridente, ninguém carente…
Mas morena Cáh,
Chile no Oriente ?
China no Ocidente ?
Isso não quero nem imaginar!!!

Os dias




Penso que não sou só eu, deve haver mais gente que não sabe para onde vai. O mundo é grande e sei que tem tantos lugares, mas há dias como hoje, que não há lugar certo pra onde se queira ir. O melhor talvez seja aqui permanecer, pois se já sei que não vou encontrar o que quero, ao menos posso mudar um pouco da onde estou. Às vezes uma palavra ajuda, às vezes uma ação anima. Posso não saber para onde vou, mas se aqui eu permanecer a vida inteira, ao menos vou pintar cada dia de uma cor, e depois escrever sobre o tom a poesia que eu sinto, nem que seja pra saber amanhã o que hoje eu sou.



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