Fui atropelada.
Faz um certo tempo.
O Amor veio desgovernado, perdeu o freio, foi tão repentinamente, que ninguém por perto notou, gritou um alto: "-Corre!". Não deu tempo. Deu de frente com meu peito, meu coração parou por alguns segundos, a respiração ficou mais ofegante.
Lançada para o mais longe que podia de toda minha consciência, na inconsciência ouvia o Amor dizer baixinho: "-Calma, dará tudo certo!". Ali, estirada, dolorida, sofrendo, sem saber se em mim existia a alegria em ter ainda um resto de vida ou agonia em perceber que a morte estragaria o pacto com a eternidade, pensava em quanto tempo demoraria o socorro. Para onde me levariam? Quem me ajudaria a ter coragem de abrir novamente os olhos? Que remédio viria para curar das feridas expostas ou não? Quando estancariam este sangue fervido que encontrava caminho para fora de mim?
A vida não mais foi a mesma, ganhou a profundidade de quem a reconhece mais forte do que supunha e por ela foi nocauteada. Havia mais do que a surpresa do embate do Amor: o Amor era o próprio resgate. Mas o ar ainda faz falta certas vezes.
Cáh Morandi
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